O ex-presidente do Brasil confessou em uma entrevista ao jornal colombiano "El Tiempo": "Sinceramente, estranhei muito a reação do companheiro Uribe, (...) se ele tem alguma dúvida com algo que eu disse era muito mais fácil ter me chamado, em vez de tuitar".
Na quinta-feira passada, Lula participou de um fórum de investimento e comércio entre Brasil e Colômbia em Bogotá, no qual o ex-presidente brasileiro previu uma relação mais frutífera entre os atuais líderes de um e outro país que a que ele teve com Uribe (2002-2010).
"Tenho certeza que o presidente (da Colômbia, Juan Manuel) Santos e a presidente (brasileira) Dilma Rousseff podem fazer muito mais do que fizemos, eu e o presidente Uribe, que tínhamos uma boa relação, mas com muita desconfiança, não confiávamos totalmente um no outro", disse Lula.
Uribe, por sua vez, reagiu com uma sequência de mensagens em seu perfil da rede social Twitter carregada de reprovação: "Lula foi incapaz de extraditar o ''Cura Camilo'', terrorista refugiado no Brasil".
O líder colombiano disse ainda que "Lula tentou impedir que o debate de Bariloche fosse transmitido pela TV", em alusão a uma acalorada cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), realizada em 2009 nessa cidade argentina, quando se debateu um acordo militar entre Colômbia e Estados Unidos.
E continuou: "Lula mal perdedor, bravo porque o vencemos no BID com Luis A. Moreno", referindo-se ao colombiano designado presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
"Lula incapaz de declarar as ''narcofarc'' terroristas", prosseguiu Uribe, aludindo às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). "Lula hoje nos ofende e no Governo fingia ser o melhor amigo".
Contudo, Lula não qualificou as respostas de Uribe, e argumentou que ele não usa a rede social porque tem que "pensar antes de dizer as coisas, e muitas vezes no Twitter a pessoa não pensa, simplesmente escreve".
Além disso, Lula desmentiu ter criticado Uribe, a quem lhe declarou um "profundo respeito e uma profunda amizade", por isso que se identificou como "um dos aliados mais sólidos" do colombiano.
"Eu falava da Unasul, falava da boa relação minha com o (ex-) presidente Uribe e também da desconfiança que existia entre nós, mas não entre Uribe e eu. O Governo do Peru não confiava no Brasil, Chile não confiava no Brasil", contextualizou.
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