Em 1996, no intervalo das duas derrotas no primeiro turno para Fernando Henrique Cardoso, Lula foi fazer um comício no programa Altas Horas, de Serginho Groismann. Não vou perturbar os leitores com 9 minutos e 46 segundos de Lula. Bastam os cinco melhores momentos da discurseira:
1:06. O candidato crônico acusa o ex-presidente José Sarney e, claro, FHC de negociarem o apoio de deputados e senadores. O que andou fazendo nos últimos oito anos instalou os antecessores num monastério.
2:45. Lula afirma que o governo federal instalou no Congresso um balcão de negócios. Não avisou que, se virasse presidente, substituiria o balcão por um supermercado.
5:46. O palanqueiro diz que o presidente da República deve compensar cada viagem ao Exterior com uma temporada de igual duração em algum Estado brasileiro. Se a sugestão fosse transformada em lei, Lula teria de ficar mais alguns anos no Planalto para zerar a conta.
6:09. Lula diz que o Plano Real “está montado numa base falsa”, desanca a altitude da taxa de juros e exige a implantação de uma política tributária. O Real acaba de comemorar 16 anos de sucesso esbanjando saúde, os juros estão na estratosfera e a reforma tributária continua à espera de um minuto da preciosa atenção do presidente que abandonou o emprego.
7:45. Uma jovem da plateia pergunta o que tem a dizer sobre a briga de foice com Fernando Collor na campanha de 1989. Lula primeiro se gaba de ter antecipado o naufrágio do adversário. “O passado político de Collor era um passado político tenebroso”, recita. E então vem o fecho glorioso: “Peço a Deus que nunca mais o povo brasileiro esqueça essa lição”.
O resultado da eleição em Alagoas mostra que o povo não esqueceu. Quem esqueceu foi Lula. Passados 14 anos, ele e Collor descobriram que existem entre ambos muito mais semelhanças que diferenças. E viraram amigos de infância.
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