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domingo, 19 de setembro de 2010

Pedra do Baú deve virar monumento natural no interior de São Paulo



JOSÉ BENEDITO DA SILVA
ENVIADO ESPECIAL A SÃO BENTO DO SAPUCAÍ

Inspiração de lendas, paraíso ecológico, meca do esporte radical e uma escultura de granito vista por 52 cidades, a Pedra do Baú --o "velho titã de pedra erguido na montanha", como definiu o escritor Plínio Salgado-- deve virar monumento natural.

Imponente maciço rochoso, cujo topo está a 1.950 metros de altitude num dos pontos mais altos da serra da Mantiqueira, a pedra pode ganhar, com a nova classificação, mais preservação e mais infraestrutura turística.

O governo de SP leva a audiência pública no dia 14 de outubro, em São Bento do Sapucaí (173 km de São Paulo) --onde fica a rocha--, a projeto de criar o Monumento Natural da Pedra do Baú.

Diego Padgurschi/Folhapress
Pedra do Baú, maciço rochoso no alto da serra da Mantiqueira, deve virar monumento natural no interior de SP.
Pedra do Baú, maciço rochoso no alto da serra da Mantiqueira, deve virar monumento natural no interior de SP.

A área, equivalente a 20 parques do Ibirapuera, inclui ainda duas pedras menores --a do Bauzinho (1.760 m) e a Ana Chata (1.670 m).

Monumento natural é um dos tipos de unidade de conservação de proteção integral definidos por lei federal em 2000. Tem o mesmo status de preservação dos parques, das estações ecológicas e das reservas biológicas.

RENDIÇÃO

"Não foi pra isso que viemos aqui?". A resposta, em forma de pergunta, do fotógrafo Diego Padgurschi à indagação do motorista da Folha se a reportagem iria encarar o Complexo do Baú, foi a deixa. Íriamos subir.

Primeiro, o "playground": a Pedra do Bauzinho, a 100 m de onde deixamos o carro, subida leve de 10 minutos. De lá, avista-se o vale do Paraíba e a desafiadora Pedra do Baú, ao lado, gigante.

Casal em lua de mel tira fotos, moças se divertem, até crianças apareceram por lá. Mas tudo ali exige cuidado: caminha-se, às vezes, por faixa de rocha de 2 m, ao lado de um precipício de 200 m.

De lá, partimos para o desafio de verdade: 3 km no meio da mata, em trilhas íngremes, irregulares, escorregadias, pontuadas por rochas, em busca dos acessos ao cume da Pedra do Baú.

Não é para qualquer um. A reportagem ignorou dois conselhos básicos (o leitor não deve fazer isso): não contratamos guia (R$ 50 por pessoa) e levamos uma garrafinha de água para dois.

Após mais de uma hora trilha adentro (e acima), demos de cara com a primeira das escadas dos irmãos Cortez. Dizem que tem 602 degraus, mas só a vista de uns 100 deles já assustava.

A outra opção, indicava uma placa, era ir em busca da face norte da rocha, com 497 degraus. A placa: "Face Norte - 40 min". Quarenta minutos para quem, nobre amigo que escreveu a placa?

Refugamos a primeira escada. Fomos em direção à face norte. Eu e Diego nem conversávamos mais. Poupar ar. Com isso cresciam os barulhos na mata, mostrando que não éramos os únicos seres vivos no local. Ver mesmo, só um grupo de esquilos.

Molhado de suor, boca seca, pernas se recusando a obedecer, a cabeça pensa em bobagens do tipo "por que não tem um teleférico ou elevador panorâmico?". Até em escada rolante pensei, juro.

Duas horas depois, Diego, sempre alguns passos à frente, anuncia: "Chegamos". Estávamos na base do impressionante paredão de 340 m de altura. Dependendo da sua condição, parece mais.

Cortando o rochedo de alto a baixo, a longa escadaria de ferro cravada pelos Cortez. Com sorte, uma hora escada acima. Pior: ainda tinha a volta. Não ia dar. Quase sem ar, só me restou anunciar o óbvio: "Ok, pedra, você venceu!"



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