27 de setembro de 2010 • 16h00 • atualizado às 17h01
Panfleto com uma lista de "consequências" atribuídas aos "políticos do PT e associados"
Foto: Divulgação
Um grupo religioso de Pernambuco resolveu manifestar seu posicionamento político e escolheu como alvo a presidenciável Dilma Rousseff (PT) e os candidatos de seu partido. O Conselho de Pastores de Jaboatão dos Guararapes tentou, no último sábado (25), promover uma caminhada e distribuir um documento chamado "manifesto pela família". O grupo planejava divulgar panfletos com uma lista de "consequências" atribuídas aos "políticos do PT e associados" e projetos de lei que "um presidente da República ligado ao PT certamente assinará".
Entre os itens expostos no manifesto, a suposta intenção dos petistas é descrita no documento da seguinte forma: "determinar que pastores que forem presos por pregar práticas condenadas pela Bíblia Sagrada (homossexualismo, idolatria e espiritismo), não terão direito a defenderem-se em liberdade; igrejas que não realizarem casamento de homem com homem e mulher com mulher, estarão fazendo discriminação, poderão ser multadas e pastores presos e processados; obrigar as igrejas a pagarem impostos sobre dízimos, ofertas e contribuições".
O panfleto ainda cita projetos de lei de deputados federais petistas contra a homofobia. São citados os parlamentares petistas Iara Bernardi (SP), Paulo Pimenta (RS) e Fátima Bezerra (RN).
No entanto, a distribuição do panfleto com o manifesto elaborado pelo Conselho de Pastores foi barrada pela Justiça Eleitoral a pedido da coligação da Frente Popular, encabeçada pelo governador Eduardo Campos (PSB) e pelo próprio PT.
A denúncia de "propaganda difamatória" foi acatada pela juíza Patrícia Rodrigues Ramos Galvão, da 11ª zona eleitoral que determinou "a busca e apreensão do material impresso intitulado 'manifesto pela família'". No entanto, na internet e principalmente em redes de relacionamento, o material continua a ser difundido de maneira ampliada e com ataques diretos a Dilma Rousseff, afirmando que a petista, caso eleita aprovará "a lei do aborto e o casamento gay".
Um fato curioso é a ligação entre o Conselho de Pastores e o pastor Zacarias Vilharba, conhecido como Vilalba de Jesus da Igreja Universal, vereador de Jaboatão e candidato a deputado federal pelo PRB. Na página principal do site do grupo religioso, o parlamentar é citado como "fundador e presidente do movimento". Outra associação que chama a atenção: Vilalba é candidato da coligação Frente Popular de Pernambuco formada por nove partidos, entre eles o PT, os autores da ação contra o manifesto.
Por telefone, o pastor Vilalba de Jesus confirmou, nesta segunda-feira (27), que o seu posicionamento "é o mesmo" do manifesto, pois considerou que as leis propostas por petistas "realmente pegam pesado contra os evangélicos".
"São posicionamentos que, como pastor, não posso aceitar. Não posso me curvar diante de leis que não seguem o princípio bíblico". Sobre a ação da Frente Popular e do PT, o candidato evitou falar. "Estava viajando. Não acompanhei, então não posso dar depoimento e falar sobre isso".
Apesar do site do Conselho de Pastores ainda o indicar como presidente do grupo, o pastor Vilalba disse estar afastado e negou existir conotação política no manifesto. "Não há não (interesse eleitoral). Sou fundador e fui presidente do Conselho por dois mandatos, mas eu estou meio afastado. Ok? Deus o abençoe" disse o candidato, encerrando a ligação telefônica.
Além do Conselho de Pastores, assinam a lista do "manifesto pela família" os pastores das igrejas: Batista em Jaboatão, Batista em Cavaleiro, Assembleia de Deus Madureira, Batista da Batalha, Batista em Cavaleiro, Presbiteriana em Candeias, O Brasil para Cristo, Metodista, Anglicana do Espírito Santo, Batista Central em Jaboatão e Assembleia de Deus. A ação conjunta foi denominada "Movimento Acorda Igreja".
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