28 de setembro de 2010
Uma semana após a visita da presidenciável Dilma Rousseff (PT) a Salvador, que retirou publicamente apoio à candidatura do peemedebista Geddel Vieira Lima ao governo em favor de Jaques Wagner (PT), candidato à reeleição, o vice da petista, deputado federal Michel Temer (PMDB-SP), anunciou nesta terça-feira (28) apoio ao seu correligionário.
"Vim como presidente do PMDB para render nosso apoio a Geddel, como fizemos desde o início no lançamento de sua candidatura. Vim na qualidade de presidente do PMDB e na qualidade de candidato a vice-presidente da República", sustentou Temer. Ele afirmou, entretanto, que sua declaração não seria uma resposta a Dilma Rousseff. "Ela manifestou uma opinião partidária. Eu estou aqui expressando a minha", pontuou.
Questionado sobre a "maturidade" de Dilma para tomar decisões, uma vez que decidiu não mais declarar apoio ao PMDB no Estado a partir de dados de pesquisa, Temer contemporizou: "ela tem maturidade suficiente para tomar decisões. Ela se inclinou à sua posição partidária", disse.
As principais lideranças do PMDB baiano e de partidos aliados à campanha geddelista participaram de almoço, em restaurante soteropolitano, já famoso por ter sido cenário de outros acordos e distratos políticos. Geddel, porém, não manifestou separação da campanha que busca eleger Dilma Rousseff, alegando a presença de Temer na chapa da petista.
O candidato ao governo disse ainda que outro motivo para não romper com Dilma seria o respeito à sua história. "Homens públicos têm que honrar compromissos", disparou o peemedebista, que ressaltou que a ex-ministra da Casa Civil já havia declarado, também publicamente, que teria dois palanques na Bahia.
Ele afirmou que também apoiaria a petista porque o governo Lula deu certo, diferentemente do governo petista de Wagner. "Eu interpreto a opção de Dilma como opção política. Agora, imagino que tipo de pressão sentimental ela passou. Como sou sentimental, também compreendo esta situação", ironizou Geddel, que afirma que não disputaria com Wagner os carinhos de Lula e da presidenciável.
Desempenho ruim
A alegação utilizada por Dilma para não mais apoiar a candidatura de Geddel, lembrada pelos participantes do almoço, foi o seu desempenho ruim nas pesquisas. Foi quando se posicionou o senador César Borges (PR), que compõe a base de Lula no Senado e concorre à reeleição - ele foi bastante cobiçado também por Wagner, mas preferiu Geddel. "Não posso negar minha surpresa pela partidarização que houve por Dilma e Lula na Bahia. Geddel não estava líder nas pesquisas. E no meu caso? Aí não sei qual é a explicação", disse o republicano, que apenas não liderou a última pesquisa de intenção de voto divulgada pelo Ibope.
Geddel fez questão ainda de lembrar que há uma semana das eleições de 2006 quem liderava as pesquisas era o governador Paulo Souto (DEM), que hoje tenta retornar ao Palácio de Ondina. Tinha 58% das intenções de voto segundo as pesquisas, mas perdeu para Wagner no primeiro turno. Temer reforçou a confiança de Geddel. "Pelo que Geddel me descreve (sobre a receptividade de sua campanha nas ruas) eu acredito no segundo turno", comentou.
Marca 15 X Dilma
O candidato do PMDB também rebateu as notícias de que tinha retirado a figura de Dilma de suas peças publicitárias como resposta ao desapontamento com a ex-ministra. Segundo Geddel, isso já estava programado. "Na última semana, queríamos reforçar a marca 15. Para que os eleitores aprendam a votar no 15. Não tem nada a ver (com resposta a Dilma). No meu carro vocês encontram o nome dela".
Quem também apareceu para declarar apoio ao candidato ao Governo foi o prefeito de Salvador, João Henrique Carneiro (PMDB), que vem sendo acusado de não se empenhar na eleição de Geddel. "A minha presença aqui vale mais que mil palavras. Eu tenho também que ser o prefeito da terceira maior cidade do País", explicou-se. Ele também disse que está se dedicando à campanha da mulher, Maria Luiza Carneiro (PSC), candidata à reeleição à Assembleia Legislativa.
O pai de João Henrique, senador João Durval Carneiro (PDT), além do irmão do prefeito, deputado federal Sérgio Carneiro (PT), declaram apoio a Wagner e aos candidatos majoritários apoiados por ele.
Há poucas semanas, Geddel havia criticado o senador João Durval pelo apoio declarado a Wagner. Ironicamente, disse que se tratava de resposta ao "apoio" que o PT deu à candidatura de João Henrique em 2008 - na ocasião, há poucos meses das eleições, os petistas deixaram seus cargos na prefeitura de Salvador e lançaram a candidatura de Walter Pinheiro, agora candidato ao Senado.
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