Candidatos à reeleição, parlamentares apresentam ao TSE declarações que mostram crescimento de até 1.712%
O cadastro com informações repassadas ao TSE pelos candidatos às eleições proporcionais no Rio de Janeiro revela o talento de um grupo de políticos à frente da administração de seus bens pessoais. Em algumas declarações, os valores quadruplicaram, como no caso do deputado federal Rodrigo Bethlem (PMDB), que conseguiu aumentar seu patrimônio de R$230 mil para R$1,2 milhão no período de quatro anos. Outro exemplo é o deputado federal Alexandre Cardoso (PSB), que subiu de R$656 mil para R$3,3 milhões. Os bens da deputada federal Senhorita Suely (PR) variaram 1.712%. A lista é eclética, com representantes de diversos partidos.
Deputado declara ter R$1 milhão em dinheiro
O deputado federal Alexandre Cardoso (PSB) é médico de formação e um dos principais nomes de seu partido no Rio. O crescimento patrimonial informado à Justiça Eleitoral foi de R$2,64 milhões em quatro anos. Na lista de bens divulgada pelo TSE, o candidato, que concorre à reeleição, informou ter guardado R$1 milhão em espécie.
Além do dinheiro no colchão, um prédio em Duque de Caxias, avaliado em R$650 mil, e uma aplicação em renda fixa de R$962 mil não existiam na declaração de bens de 2006.
Um dos recordes registrados é da deputada federal Senhorita Suely (PR), que aumentou de R$25 mil para R$453 mil. De 2006 para cá, ela comprou dois apartamentos em São Paulo.
Antes de alcançar um aumento de 421% no patrimônio, Rodrigo Bethlem começou sua carreira em 1993, como subprefeito da Lagoa, no Rio. Em 2007, quando estava na lista de suplentes para a Câmara dos Deputados, virou xerife das operações Choque de Ordem do governo do estado. Foi nomeado secretário municipal da Ordem Pública da prefeitura. Sua maior aquisição no período em que combateu a desordem urbana foi uma casa em um condomínio na Zona Oeste do Rio, no valor de R$906 mil.
O deputado estadual Rodrigo Dantas (DEM) chegou a ocupar a secretaria municipal de Obras do Rio, em 2008, sucedendo ao pai, Eider Dantas. Em quatro anos, de acordo com TSE, aumentou o patrimônio em 337%, para R$1,36 milhão. Em 2006, declarara R$297 mil.
Colega de Assembleia Legislativa de Dantas, Márcio Panisset (PDT) é este ano 562% mais rico que em 2006, quando se candidatou. Tem oito imóveis declarados entre o R$1,1 milhão em bens informados ao TSE. A família Panisset domina o cenário político de São Gonçalo, onde sua irmã, Aparecida Panisset está no seu segundo mandato como prefeita. Até se candidatar a mais um mandato na Alerj, Márcio já ocupou o cargo de secretário de Saúde da cidade.
O carioca Felipe Bornier, de 31 anos, é filho de Nelson Bornier, ex-prefeito de Nova Iguaçu e com quatro mandatos como deputado federal, o último deles obtido na eleição de 2006. Na mesma ocasião, Felipe também foi eleito deputado federal pelo nanico PHS fazendo uma dobradinha com o pai. O rapaz estreou na vida pública com R$1,9 milhão. Em quatro anos, aumentou em R$500 mil esse valor, alcançando a marca de R$2,4 milhões. Entre os bens da lista estão salas comerciais e cotas de três apartamentos na Barra da Tijuca. Outro deputado em primeiro mandato, Adilson Soares (PR) viu seu patrimônio multiplicar em 465%, chegando a R$657 mil. Em 2006, eram R$116 mil.
Postos de gasolina multiplicam renda de Brazão
O assistencialismo caracteriza a atuação do veterano deputado estadual Domingos Brazão. Em julho passado, o TRE determinou o fechamento da sede da Ação Social Gente Solidária Domingos Brazão, na Taquara, Zona Oeste. Os fiscais do TRE apreenderam no local centenas de escovas de dente com o nome Brazão entre outros produtos com a imagem do candidato. Nascido em Jacarepaguá, Brazão acumula três mandatos como deputado estadual. Na última eleição, ele declarou um patrimônio de R$1,2 milhão. Desde então, alcançou um aumento de 316%. A cifra de R$5 milhões inclui cotas em mais de dez postos de gasolina, lotes de terra e um apartamento avaliado em R$2 milhões na Barra da Tijuca.
A divulgação do patrimônio dos políticos na internet é uma prática recente. Em junho de 2004, O GLOBO publicou a série de reportagens "Os homens de bens da Alerj", com um levantamento inédito do patrimônio de 27 deputados do Rio. Até então, os bens acumulados pelos candidatos eram declarados à Justiça Eleitoral, mas não divulgados pelos tribunais na internet. |