Depois de quatro anos de investigação da Superintendência de Manaus, comando de Brasília ajudou na fase final da operação contra as Farc
Rodrigo Rangel, de O Estado de S. Paulo
MANAUS - O governo brasileiro reluta em classificar as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) como uma organização terrorista, mas, por ironia, foi o Serviço Antiterrorismo da Polícia Federal um dos principais responsáveis pela operação que resultou na prisão de José Samuel Sánchez, o "Tatareto", e no mapeamento das bases operacionais das Farc no País.
A investigação sobre a rota do tráfico já se estendia por quatro anos na superintendência da PF no Amazonas. Quando surgiram os primeiros indícios da conexão com as Farc, agentes do esquadrão antiterror de Brasília foram acionados e passaram a auxiliar no caso. Aos poucos, o Serviço Antiterrorismo esquadrinhou a ousadia do grupo no Brasil. Foram localizadas pelo menos duas bases de operação.
"O curso das investigações, desenvolvidas sob a denominação Rota Solimões, deixou claro que a organização criminosa formada principalmente por colombianos trasladou suas bases operacionais para território brasileiro, aproveitando a vastidão da zona de fronteira pouco guarnecida para se homiziarem (esconderem) das ações do governo colombiano", diz a PF.
Pelo relato da polícia, fica claro que o território brasileiro não era um ponto de passagem, mas uma base fixa para gerar recursos para a guerrilha.
"Ficou evidente que a produção, o transporte e a distribuição se dão inteiramente em território nacional, mais especificamente no Estado do Amazonas", diz o texto.
Os papéis da investigação indicam que Tatareto também possuía um laboratório de refino de coca do lado brasileiro.