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domingo, 18 de abril de 2010

A sombra de Dirceu na Varig



Parte Um - Parte Dois

Os bastidores de como o ex-ministro-chefe da Casa Civil
tentou influenciar na maior companhia aérea do país

Lúcia Ritzel e
Pedro Dias Lopes


Aprovação de nomes


A interferência governamental na Varig passava pela indicação de nomes para o conselho de administração da companhia. Ligado à CUT, ao PT e ao BNDES, Gilmar Carneiro, participou de uma gestão na Varig.

Pelo menos seu nome teria passado por José Dirceu antes de ser indicado. A situação voltou a se repetir este ano, quando assumiu o atual conselho de administração da companhia. A pedido de Dirceu, o ex-secretário nacional de Comunicação do PT Marcelo Sereno teria pressionado o atual conselho de curadores da fundação para colocar nomes vinculados ao partido na Varig.

- A pressão foi muito forte, mas não deu certo - diz uma fonte que acompanhou o caso.


O empenho pela união entre as companhias


Pelo menos um gaúcho testemunhou o empenho do então ministro da Casa Civil, José Dirceu pela divisão da Varig e a subseqüente associação com a TAM. O secretário do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais, Luis Roberto Ponte, conta que Dirceu expressava com toda a clareza não ver outra solução para a Varig que não fosse a fusão com a TAM. A divisão da companhia não agradava aos representantes gaúchos nas negociações.

Na avaliação do secretário, se dependesse apenas de José Dirceu, a Varig não existiria mais no atual formato. Mas o presidente Lula teria se sensibilizado, diz Ponte, com as ponderações contrárias à operação e se comprometera com os gaúchos a não tomar nenhuma decisão sem antes ouvi-los.



Uma novela longe do fim
Após muitas idas e vindas, a crise na companhia aérea caminha para uma definição:
- Passados os episódios da fusão, dos planos salvadores que nunca se concretizaram e dos investidores que nunca apareceram para viabilizar a chamada "solução de mercado", a crise da Varig tem data marcada para ser sanada: para o bem ou para o mal da empresa.
- No próximo dia 12, os administradores da companhia entregam à Justiça o plano de recuperação judicial. A Justiça e os credores terão até dezembro para se pronunciar sobre o plano.
- Antes disso, em 9 de setembro, os acionistas minoritários se reúnem em Porto Alegre para apreciar a venda da subsidiária de logística do grupo, a VarigLog, ao fundo norte-americano MatlinPatterson.
- O MatlinPatterson, especializado em investir em companhias endividadas, ofereceu US$ 38 milhões pela VarigLog, além de assumir US$ 60 milhões em dívidas e contingências.
- O negócio pode colocar US$ 48 milhões no caixa da Varig até do fim de setembro, pois o fundo também emprestaria US$ 10 milhões, além do valor pago.
- A grande polêmica está no valor que a empresa foi avaliada, pois não são poucas as vozes ligadas à Varig que consideraram o valor baixo demais.
- Se a venda não ocorrer, o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, garante que a situação da empresa ficará crítica, na medida em que foi "a única proposta concreta que apareceu".

A pressão


Ao longo dos dois primeiros anos do governo Lula, não foram poucos os momentos de tensão entre a Varig e o governo. Ultimatos em reuniões e críticas de membros do governo à Fundação Ruben Berta foram rotina, mas nada que se equiparasse à pressão feita pelas estatais, credoras da Varig que agiram com mais rigor que muitos grupos privados a quem a empresa também deve.

- A mando de Dirceu, as estatais deram "um calor" na Varig. A intenção era forçar a companhia a seguir os caminhos propostos pelo governo - diz uma fonte do setor.

O episódio conhecido como "sábado negro" retrata essa situação. Em junho de 2003, a BR Distribuidora suspendeu o fornecimento de combustível para as empresas do grupo Varig, que tiveram de pedir suporte a multinacionais de petróleo, como a Shell e a Esso

Torcida


Embora tenha se dedicado pessoalmente à fusão, José Dirceu não era o único membro do atual governo favorável à criação de uma só companhia aérea brasileira, nascida da união Varig-TAM. O ex-presidente do BNDES Carlos Lessa também considera uma boa alternativa. Para Lessa, o ideal seria uma grande companhia sul-americana, a fim de interligar o continente e com força para competir com as grandes da aviação mundial. Para Lessa, no entanto, o principal empecilho à solução dos problemas da Varig sempre esteve no Ministério da Fazenda, que nunca admitiu qualquer programa envolvendo recursos públicos, seja o encontro de contas com credores públicos da companhia, seja a participação do BNDES.


Contraponto
O que diz o deputado José Dirceu:
ZH entrou em contato com a assessoria do deputado José Dirceu em 26 de agosto e, a pedido da assessoria, enviou 10 questões relativas aos fatos abordados pela matéria. Nesta sexta-feira, às 20h15min, a assessoria, por telefone, informou que o deputado tinha a seguinte resposta:
- Todas as questões envolvendo Varig e governo federal eram tratadas pelo Ministério da Defesa.
- Sobre a Medida Provisória ter sido idealizada pela Casa Civil, Dirceu informou que a questão teria de ser feita para o departamento jurídico do órgão à época.
- Sobre a relação entre a TAM e o Partido dos Trabalghadores, Dirceu disse que quem deve responder é a empresa e o PT.



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