Trabalhadores do setor ferroviário de Portugal iniciaram nesta segunda-feira uma greve de transportes contra as medidas adotadas pelo governo para combater o déficit no orçamento do país.
A greve do setor, convocada pelas duas centrais sindicais portuguesas - a Confedração Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP) e a União Geral dos Trabalhadores (UGT) - deve durar até quarta-feira e ameaça paralisar o país.
Segundo o dirigente da CGTP Amável Alves, na terça-feira, mais de 170 empresas de transportes devem parar, com exceção dos metrôs da capital, Lisboa, e do Porto, e da companhia aérea TAP. De acordo com o periódico Jornal de Notícias, cerca de 1,5 milhões de pessoas serão afetadas.
"Estamos sofrendo o congelamento salarial ou aumentos abaixo da inflação há 10 anos. Agora, por causa do Programa de Estabilidade e Crescimento, vamos ficar sem aumentos até 2013", afirmou Alves.
Ele afirma ainda que nesse primeiro dia de greve funcionaram apenas os os serviços mínimos exigidos por lei - um a cada cinco trens suburbanos.
Na terça-feira, além do setor de transportes, estão marcadas greves dos trabalhadores dos Correios, em protesto contra a diminuição da remuneração por perda de adicionais, e de funcionários da Assembleia da República, que devem afetar o Parlamento.
Crise
O crescimento dos movimentos sociais acontece numa situação de crise: pela primeira vez na história do país, o número de desempregados chegou aos dois dígitos, atingindo 10,4%.
O crescimento econômico previsto para 2010 pelo Banco Central caiu de 0,8% para 0,7%, enquanto o FMI estima uma taxa ainda mais baixa de 0,3%.
Segundo os dados do governo português, o déficit público atingiu 9,4% no ano passado e este ano deverá chegar a 8,3% - uma previsão considerada otimista. O acordo para a moeda única previa um máximo de 3% de déficit.
A dívida pública atingiu 80% do PIB e o país encontra cada vez mais dificuldades para obter financiamento, tendo que pagar taxas de juro cada vez mais altas.