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segunda-feira, 26 de abril de 2010

Evento religioso em Botafogo causa nó no trânsito da cidade



Prefeitura assume responsabilidade por erro de planejamento e pede desculpas por engarrafamento em 13 bairros

Rio - O Dia da Decisão (Dia D), evento da Igreja Universal do Reino de Deus realizado na tarde de ontem na Enseada de Botafogo, causou tumulto no trânsito da cidade, com reflexo em pelo menos 13 bairros. Com a expectativa de atrair 100 mil fiéis, o Dia D acabou deslocando uma multidão de mais de um milhão de pessoas. Filas triplas de ônibus de caravanas se formaram no Aterro do Flamengo e em outras vias de grande fluxo, túneis ficaram parados e os motoristas precisaram de duas horas para percorrer trechos que são feitos em 15 minutos.

Grande quantidade de ônibus que levaram fieis tumultuou o trânsito na Zona Sul | Foto: Leitora Claudia Maria

A Prefeitura do Rio assumiu a responsabilidade pelo caos no trânsito, pediu desculpas à população e disse que situações semelhantes não vão se repetir. “Não dimensionamos corretamente o evento, por termos sido informados pelos organizadores de que a quantidade de ônibus para levar os assistentes seria menor”, disse um dos trechos da nota da prefeitura. Ruas importantes como Voluntários da Pátria, São Clemente, Humaitá, Farani e Pinheiro Machado ficaram completamente paradas. Muitas pessoas resolveram seguir a pé.

A CET-Rio também alegou que foi informada pelos organizadores de que o público estimado era dez vezes menor, com previsão de que 1,5 mil ônibus com fiéis fossem para o evento — não quase 4 mil, como ocorreu. A desorganização era tão grande que havia coletivos estacionados até mesmo em frente ao Palácio Guanabara.

“Isso aqui é o retrato do caos. Há uma semana, eu avisei à CET-Rio que era contra que os ônibus ficassem estacionados na Enseada e no Aterro”, afirmou, irritado, o comandante do 2º BPM (Botafogo), tenente-coronel Antônio Carlos Carballo, que havia sugerido que as avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, no Centro, fossem usadas para os veículos pararem.

Alguns motoristas chegaram a ficar duas horas para atravessar o Túnel Santa Bárbara, que liga o Centro à Zona Sul.

O técnico de Telecomunicações, Eduardo Duarte Martins, de 27 anos, demorou uma hora e 40 minutos para fazer o trajeto Avenida Presidente Vargas-Botafogo de carro. “Tentei pegar o Santa Bárbara, mas era impraticável. Se não tivesse esse evento, eu chegaria a meu trabalho em 15 minutos”, afirmou.

A Guarda Municipal montou esquema com 160 homens, 60 de trânsito, mas teve que chamar mais 20 diante da confusão. Apesar de admitir a culpa, a CET-Rio não considerou como referência para o planejamento o outro grande evento que aconteceu em 2007, também na Enseada de Botafogo, e que reuniu 2 milhões de evangélicos.

Feriado perdido em engarrafamento

Ainda no início da noite, o engarrafamento tomava conta das ruas da Zona Sul. Aos motoristas que perdiam horas no trânsito, só restava ter muita paciência. “Como pode a prefeitura permitir esse caos?”, desabafou o professor de Educação Física Renato Cunha, 42 anos, que demorou quase uma hora para atravessar o Túnel Santa Bárbara e chegar à Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras.

Ainda na mesma rua, o comerciante Luis Claudio Viana, 51 anos, não acreditava que estava preso no trânsito em pleno dia de folga: “A gente já tem problema com isto durante toda semana, agora até no feriado?” A jornalista Juliana Aquino, 33, contou que ficou 40 minutos dentro do ônibus. Cansada de esperar, desceu e seguiu a pé. “Vi muita gente passando mal. Senhoras e crianças chorando sobre o Viaduto 31 de Março, por causa do calor. Mas o pior foi atravessar o túnel Santa Bárbara a pé”, contou.

Vereador não previu caos

Um dos responsáveis pela organização do Dia D, o vereador Jorge Braz (PT do B) disse que se encontrou há cerca de um mês com o prefeito Eduardo Paes para falar sobre o evento. O parlamentar admitiu que, na ocasião, não chegou a precisar o público, mas falou que seriam entre 700 mil e 800 mil evangélicos.

“Não culpo a prefeitura pelo que aconteceu, porque eles não tinham como saber o número de pessoas e de ônibus. Falei pessoalmente com o prefeito e disse que não poderia fechar com exatidão essa quantidade. É um evento aberto. Não tem como prever quem vai ”, disse Braz, que afirmou não ter nenhum documento que comprove que o pedido foi feito para um público maior.

Por causa da quantidade de pessoas que deixaram o culto, a concessionária Metrô Rio teve que controlar o acesso à estação de Botafogo para evitar superlotação.

http://odia.terra.com.br/portal/rio/html/2010/4/evento_religioso_em_botafogo_causa_no_no_transito_da_cidade_76590.html

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