Publicada em 05/03/2010 às 20h33m
Maria Lima e Cristiane JungblutBRASÍLIA - A cúpula do PT está disposta a intensificar o debate ideológico sobre o papel da mídia na cobertura da campanha presidencial. Isso foi explicitado pelo presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, na primeira reunião da Executiva e do Diretório Nacional do partido este ano. Com a presença dos novos integrantes da cúpula petista, como José Dirceu, José Genoino (PT-SP) e outros acusados de envolvimento no escândalo do mensalão, foram aprovadas resoluções para orientar a militância e coordenadores da campanha a travar uma batalha contra o que chamam de "aliança da oposição neoliberal com setores da mídia de direita conservadora".
O texto analisa as primeiras semanas depois do lançamento da pré-candidata do partido, a ministra Dilma Rousseff, e o que chamam de ataques da mídia e setores conservadores de direita. (Leia comentário no Blog do Noblat: O PT não é mais aquele)
- Entendemos que tem setores da mídia fazendo campanha contra nós. E qualquer coisa que fazemos é para censurar a mídia? Podem nos combater de forma muito violenta e não podemos nem reclamar? - questionou o presidente do PT, José Eduardo Dutra.
" A resolução é só uma posição política, não vamos fazer nada contra. Não vamos propor fechamento de jornais, de TV. Mas não queiram nos impedir de fazer o debate ideológico "
O primeiro texto aprovado na reunião da Executiva na noite de quinta-feira, assinado por Dutra, era bem mais duro e tinha como objetivo principal responder às críticas à ministra Dilma no Fórum Democracia e Liberdade de Expressão, promovido pelo Instituto Millenium, em São Paulo, esta semana . Mas a reação foi também às denúncias envolvendo o ex-ministro José Dirceu no caso Eletronet, e a reportagem da "IstoÉ" sobre suposta participação do ex-prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, no escândalo do Mensalão do PT.
No texto, que hoje foi flexibilizado, foram retiradas as partes em que Dutra diz que a oposição neoliberal tem fortes aliados em amplos setores do empresariado "particularmente da mídia, que começam a criar factoides e falsos escândalos visando enfraquecer nosso projeto. Os recentes episódios envolvendo denúncias vazias contra dirigentes petistas, comprovam que a guerra de extermínio contra o PT, deflagrada em 2005, está longe de acabar".
Ainda segundo o texto, está clara a intenção da mídia de "devolver manchetes a expressão mensalão do PT, justamente num momento em que seus preferidos afundam num mar de corrupção e incompetência administrativa, como o DF e SP".
Na reunião ampliada do diretório, essa parte foi tirada. Mas citam as eventuais ligações da Oposição com setores de direita e a retomada da articulação na oposição e os sinais de que o governador de São Paulo, José Serra (PSDB) será o candidato do partido.
As expressões anteriores foram substituídas por "Os ataques feitos contra o PT, nossas diretrizes de programa e nossa pré-candidata não são novidades. Nos anos 80/90 /2002/2006 e ao longo de oito anos do governo Lula, as forças de direita e neoliberais agiram da mesma forma. Mas a história do Brasil e a experiência do povo brasileiro confirmam: a direita neoliberal não tem compromisso nenhum com a soberania nacional, com o estado democrático e igualdade social, nem com a verdade dos fatos. Hoje, frente a derrota que sofrerão nos próximos anos, já alimentam um discurso golpista".
- Esse fórum do Instituto Millenium foi claramente um colóquio de direita. Entrevistados disseram que se Dilma ganhar vai ter censura a imprensa, mas se Serra ganhar, não. Isso é ataque a nós - disse Dutra.
Durante a discussão, segundo presentes, houve relatos exaltados, principalmente do deputado José Genoino (SP) e André Vargas(PT-PR), novo secretário de comunicação do PT, sobre o fórum do Instituto Milleniun. Estes pediam a radicalização do texto, mas foram derrotados. Vargas reclamou que na blogosfera tem muito material de ataque ao PT. Mas tiraram do texto oficial os ataques mais fortes à mídia.
- A resolução é só uma posição política, não vamos fazer nada contra. Não vamos propor fechamento de jornais, de TV. Mas não queiram nos impedir de fazer o debate ideológico - afirmou o presidente do PT.
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