Desde o nascimento da "princesa" Grazi Massafera, neste conto de fadas que é o showbiz, sua história já mudou radicalmente. Gerada em um reality show há cinco anos, a atriz se tornou exemplo - de estilo, de sucesso, de força de vontade e do poder de uma emissora de tevê sobre um produto criado para valorizar e justificar a existência de outro. A criatura (Grazi) deu sobrevida e um certo sentido ao seu criador (o programa Big Brother Brasil). De 2005 para cá, ela trocou o chapelão de cowboy das feiras agropecuárias paranaenses pelos vestidos de altacostura e sapatos finos de grife internacional. Posou nua duas vezes. licenciou produtos com o seu nome. Foi parar nas páginas da revista Vanity Fair, uma espécie de bíblia do bom gosto. Virou queridinha do mercado publicitário. seu nome aparece em 324 mil páginas na internet segundo o mais famoso site de busca do mundo. Namora um dos atores mais cobiçados - e talentosos - de sua geração, Cauã Reymond. Cobra entre R$ 40 mil e R$ 60 mil reais para desfilar sua estampa em eventos por cronometradas quatro horas. E, hoje, o que era desconfiança quanto ao seu talento, comentada pelos corredores do Projac, se transformou em elogios públicos como os proferidos pelo diretor da trama José Luiz Villamarim, na apresentação do elenco de Tempos Modernos, novela das sete da Rede Globo. Sim, a vida de Grazi mudou e ninguém duvida disso. o que talvez pareça pairar no ar é: será que o tal sapatinho de cristal vai mesmo lhe caber nos pés? À seguir, trechos da entrevista que a atriz, de 27 anos, concedeu à Gente, no Rio. Boa oportunidade para se convencer de por que essa gata borralheira tem tudo para ir ainda mais longe. Por ter ganho uma carreira, ter se convertido em uma estrela e ser uma das atrizes que mais publicidade faz, você se considera a maior vencedora de todos os tempos dos reality shows do Brasil? Como as mudanças recentes na sua vida modificaram seu modo de agir? Quais foram as primeiras impressões ao conhecer sua personagem em Tempos Modernos, a vilã Deodora?
Em entrevista exclusiva, Grazi Massafera fala da carreira, do namoro com Cauã Reymond, do aprendizado como atriz e do roteiro original de sua vida, digno de ir parar na telona do cinema
Macedo Rodrigues e Fabiano Mazzei / Fotos e beleza Alê de Souza
Óbvio dizer, mas realmente o papel de Cinderela lhe cai muito bem. Antes trancafiada em seu quartinho no sótão - ou na pequena cidade de Jacarezinho (PR) - mirando ao longe o "castelo" (o Rio, a fama, o glamour da tevê) e sob os maus tratos de uma suposta madrasta (ou a vida humilde e, depois, a crítica e o meio artístico, que só reconhece seus iguais), ela, a heroína, vence todas as dificuldades e conquista o príncipe "enCauãntado". Agora, busca convencer a todos de que pode, sim, calçar o desejado sapatinho de cristal chamado "reconhecimento profissional".
Lenço Leloo
Colete Patricia Viera
Biquíni Adriana Degreas
Cinto My Philosophy
Jeans Ellus
Chapéu Waltão Boots e Belts DIREÇÃO CRIATIVA Adriano Damas
EDIÇÃO DE MODA Rodrigo Grunfeld
Sinceramente, não sei dizer se sou a maior vencedora. Eu acho que minha vaidade está ligada à credibilidade que eu tenho tanto no meu trabalho, quanto na minha vida pessoal, quanto no meio publicitário... Além disso, é muito gostoso o carinho que tenho do público. Eles são o melhor termômetro do meu trabalho.
Foi tudo muito rápido, porque quando entrei nesse universo artístico, encarei esta como sendo a grande chance da minha vida. Aquela chance que você tem que agarrar, se dedicar, ter disciplina e embarcar com tudo. Porque isso é uma coisa que é agora ou nunca. Então, me dedico a cada instante e acho que ainda tem muita coisa para aprimorar, estudar, fazer. Eu nunca estou satisfeita com o que faço. No máximo, fico achando que está mais ou menos. Estou sempre em busca de melhorar e nunca fico satisfeita. Eu quero realmente fazer jus a esta profissão que se abriu para mim.
Li o roteiro e vi que era uma obra bem ficcional e que minha personagem parecia saída de uma história em quadrinhos. Era uma coisa absolutamente nova para mim, tinha esse tom de comédia que eu nunca tinha feito antes nas três novelas em que atuei. E tudo isso me motivou ainda mais. Para este momento da minha vida e da minha carreira, achei muito legal arriscar e encarar esse desafio.
Como construiu Deodora?
Frequentei os estúdios de outros núcleos, observei como os atores estavam trabalhando aquele tom cômico. Mesmo nos dias em que eu não estava gravando, ia ver o pessoal gravar. Fui ver o Fagundes (Antônio), a Fê com o Thiaguinho (Fernanda Vasconcellos e Thiago Rodrigues), o Felipe Camargo, vi muita gente. Além disso, fui assistindo a alguns filmes que tinham a ver com a personagem, como Kill Bill, com a Uma Thurman, e Blade Runner, por exemplo. Foram obras que me ajudaram muito corporalmente, tanto para encontrar a sensualidade pedida pela personagem, quanto para fazer as cenas de ação. E também, fiz durante dois meses, aulas de kung fu, que foram fundamentais. No mais, continuo aprendendo muito com quem contraceno.
Você absorve muito de seus colegas de elenco, não?
Tem que ser, né? Estou ao lado de gente tão boa, que não há como não assimilar algumas coisas. E minha formação de atriz vem sendo assim, nada convencional. Meus professores são os atores que estão ao meu lado e vou aprendendo aos olhos do público. Então, estou sempre tentando aprender com quem contraceno.
Tem aprendido também vendo filmes?
Estou vendo bastante coisa que não vi. Desde que entrei para esse meio, venho me preparando. Geralmente, quem quer ser ator já está familiarizado com filmes, livros e peças desde muito novo. Eu não. Meu caminho é meio inverso. Quando não estou trabalhando, gosto de ficar em casa, vendo e revendo filmes. Isso vai abrindo seus horizontes e você vai observando outras coisas, como o cenário, iluminação, plano, ângulo de câmera, corte, direção...
Em relação ao ambiente de trabalho, você sente alguma diferença entre o tratamento que você recebia em 2006, quando começou a fazer novelas (Páginas da Vida), e o que você recebe agora?
Tem muita diferença. No começo da carreira, não me respeitavam e havia preconceito. As pessoas me enxergavam como a menina bacana que veio do nada e ia voltar para onde veio. Agora eu enxergo um respeito maior, carinho e boa vontade.
A que você atribui essa mudança?
À dedicação que tive em cada trabalho, e por demonstrar sempre que não estou ali para brincadeira. Encaro a carreira de uma maneira muito séria, quero aprender mesmo, não vim a passeio, só para aparecer e virar uma celebridade instantânea. Quero crescer.
Guarda ressentimento em relação a essas pessoas que a discriminaram no início da carreira?
Não. se existem coisas que não alimento são ressentimento e vingança. Acho que isso é uma coisa que faz mais mal a você do que ao outro. Por isso, faço questão de esquecer as situações que passei sem alimentar rancor algum.
Hoje, você se sentiria diminuída por contracenar com alguém recém-saído do Big Brother?
Eu? sentir preconceito? Não, jamais. A vida me ensinou a não ter qualquer tipo de preconceito. Isso é uma coisa que só veio ao mundo para atrasar a evolução da humanidade.
Você participaria novamente de um reality show?
Não. Fiz porque precisava do dinheiro. Era uma chance, porque eu já tinha tentado de tudo: fui miss, trabalhei em loja de cosméticos, fui babá, manicure, fui muita coisa... E ali eu vi que tinha uma oportunidade de mudança de vida. Foi isso. Hoje em dia não tenho vontade nem necessidade de fazer um programa assim. Não tenho motivação nenhuma.
Falando em precisar de dinheiro, você costumava dizer que se sentia mal ao comprar coisas muito caras. Ainda se sente assim?
Esbanjar nunca é legal. Até porque agora eu já penso na minha aposentadoria, quero fazer meu pé de meia. Na verdade, a carreira de atriz é muito instável, tem altos e baixos... Em cinco anos, minha vida mudou radicalmente, mas não sei o que vai ser dos próximos cinco. Minha preocupação é ter alguma sobra para o futuro, nada voltado para o agora.
Financeiramente, o que mudou na vida de sua família em Jacarezinho?
Pelo menos minha mãe não precisa mais sofrer no final do mês. Ficou bem melhor para todo mundo, minha mãe meu pai, meu irmão, minha família. Está todo mundo com sua casa...
Tem sonhos de consumo?
Não tenho. Queria ter uma casa: eu já tenho. Já tenho meu carro para me locomover. Tenho meus bichinhos de estimação...
E o casamento com o Cauã, sai ou não sai?
Nós já estamos casados e isto é o mais importante. Poxa, a gente está morando junto desde meados do ano passado. Agora, a cerimônia deste casamento é uma coisa que cabe à gente decidir fazer ou não em algum momento de nossas vidas. Todo mundo fica querendo saber e meio que cobrando isso da gente, mas o que posso dizer: é estamos muito bem.
Vocês não querem filhos?
O que eu te digo é que eu penso em ter filhos, como toda mulher pensa. Não há uma data ou um prazo, mas mesmo que tivesse não acho que isso seja algo a ser anunciado, porque vou acabar sendo cobrada lá na frente.
Como é a rotina de vocês?
Bem, a gente é um casal normal e vive o que todos os casais vivem: chegar em casa, tomar banho, ficar junto, namorar, trabalhar, se alimentar. O cuidado que temos é de não se expor e virar tema de debate popular. Acho que é graças a isso que a mídia nunca afetou nosso namoro. Olha aí a Dalva e o Herivelto (risos)... se você abre sua relação para a mídia, vira isso.
Você não acha que sua vida daria um filme?
sim, minha vida daria um filme interessante! Acho que tem um pouco de tudo para fazer rir, chorar, sonhar... Eu tenho 27 anos, mas meu nascimento para a mídia tem apenas cinco anos. Então, tem muita história pela frente.
s Sphere: Related Content