Travessa da Avenida Edgar Facó, na Freguesia do Ó, mais parecia um rio.
Criança foi retirada por vizinho da enchente e colocada em local seguro.
Moradores da Frequesia do Ó, na Zona Norte da capital paulista, tiveram que se unir para escapar da enxurrada na tarde desta terça-feira (26). Uma travessa da Avenida Edgar Facó mais parecia um rio. Preocupado com os vizinhos, um morador se amarrou a uma corda e foi em busca de um bebê que estava na casa ao lado. A criança foi, então, tirada da enchente e colocada em local seguro.
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Durante toda a tarde, os telespectadores do SPTV se impressionaram com os alagamentos e registraram os problemas causados pela chuva. Em poucas horas, foram recebidos cerca de 50 vídeos. Em um terreno na Rua José Pereira de Araújo, na Freguesia do Ó, a água acumulada foi tanta que passou por cima de um muro de dois metros de altura.
Lula assina MP que dá quase R$ 1 bi a atingidos por catástrofes no Brasil e Haiti
R$ 375,9 milhões vão para país atingido pelo terremoto, diz Presidência.
Outros R$ 384,1 milhões vão para municípios por perdas com arrecadação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta terça-feira (26) uma medida provisória que destina R$ 989,9 milhões para atender as vítimas das chuvas no Brasil e do terremoto no Haiti, que devastou a capital do país, Porto Príncipe. Segundo a Presidência da República, R$ 614 milhões serão destinados para atender as vítimas das catástrofes no Brasil. Em relação ao Haiti, o montante liberado é de R$ 375,95 milhões.
Rua devastada por terremoto em Porto Príncipe, Haiti (esquerda) e deslizamento em Ilha Grande, no Rio (Fotos: Reuters e Patricia Kappen/G1)
No Brasil, o Ministério da Integração Nacional ficará com R$ 394 milhões para atender diretamente as vítimas e recuperar a infraestrutura das áreas atingidas. Outros R$ 150 milhões serão direcionados ao Ministério das Cidades para a construção e a reconstrução de casas para pessoas de baixa renda afetadas pelas enchentes e deslizamentos. A pasta da Agricultura terá ainda R$ 70 milhões para a recuperação de pequenas estradas que escoam a produção rural e foram destruídas por enchentes.
Em relação ao Haiti, o montante liberado é de R$ 375,95 milhões. A maior parte dos recursos, R$ 205 milhões, ficará com o Ministério da Defesa. Este valor, segundo a Presidência, será para reforçar a missão de paz liderada pelo Brasil no país. O dinheiro será empregado na compra de combustíveis e lubrificantes para transporte de donativos, na recuperação de uma base de fuzileiros navais, no uso de dois navios e na substituição de equipamentos destruídos pelo terremoto.
Para o ministério de Relações Exteriores, o montante reservado foi de R$ 35,3 milhões. De acordo com a Presidência, o Itamaraty usará estes recursos para conceder apoio financeiro à implementação de ações de cooperação e de projetos humanitários no Haiti. Entre esses recursos do Ministério de Relações Exteriores estão os US$ 15 milhões que serão doados ao país da América Central. Outros R$ 600 mil serão destinados à área de inteligência da Presidência da República, que coordena um gabinete de crise sobre o terremoto.
O Ministério da Saúde terá ainda R$ 135 milhões para ações no Haiti. Segundo a pasta, o dinheiro será usado para a construção de unidades de pronto-atendimento no país e auxiliar na estruturação de um sistema de saúde
Crise internacional
A MP destina ainda outros R$ 384 milhões ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM) para compensar perdas de arrecadação das prefeituras devido à crise econômica internacional.
Milionários escapam ilesos da destruição do terremoto
Condomínio de luxo revela o outro lado de Porto Príncipe
Leandro Colon, enviado especial a Porto Príncipe
fONTE : ESTADÃO
A 5 minutos da base militar brasileira de Porto Príncipe e a 20 minutos do aeroporto, um condomínio de luxo no alto da montanha assusta quem passou os últimos dias na parte baixa da cidade. O terremoto que destruiu a pobre capital do Haiti, no dia 12, não deixou marcas na parte rica.
Os milionários escaparam da tragédia - um contraste com as ruas destruídas e o cenário de escombros, lixo, bichos, corpos, saques e violência. Das 300 casas do condomínio Belvil, visitado ontem pelo Estado, apenas 5 foram afetadas, mas sem grandes proporções.
Não houve vítimas. Quem passa por ali não sente qualquer cheiro da desgraça que tomou conta da capital do Haiti há duas semanas. Bel Air e Cité Soleil, bairros pobres e em frangalhos após o terremoto, ficam a 20 minutos de Belvil.
As mansões do condomínio estão intactas, com os carros e jipes importados na garagem e nas ruas. A eletricidade está em perfeitas condições. Do lado de fora, seguranças de empresas privadas vigiam as ruas com espingardas em punho por US$ 70 mensais. Alguns deles perderam casas e parentes no tremor de terra.
O Estado encontrou ontem o condomínio em meio a um passeio pela parte alta de Porto Príncipe. Depois de uma portaria, surgem casas que lembram condomínios de luxo do Brasil. A maioria tem uma arquitetura de sobrado, com grandes varandas, muitas janelas, maçanetas douradas e áreas de lazer, inclusive piscinas.
Nenhum terreno tem menos de mil metros quadrados. "Nas residências de luxo, vivem haitianos com muito dinheiro - são engenheiros, comerciantes e empresários", conta Jean Espeanta, de 36 anos, que trabalha na administração do condomínio.
Segundo ela, o preço das casas varia de US$ 250 mil a US$ 600 mil. O empresário haitiano Lacoste Kens, de 38 anos, tem uma mansão em Belvil há nove anos. Um tanto desconfiado, recebeu a reportagem para uma conversa. Contou que é importador de tomate, arroz e frango, entre outras coisas. Seus três filhos estudam em uma escola particular. Ele paga US$ 400 por mês pela matrícula de cada um. "Depois do terremoto, eles foram para minha casa em Nova York", disse, sem esquecer de criticar os políticos. "Aqui não tem governo."
Gerson Duoler, de 42 anos, pai de quatro filhos, faz a segurança do condomínio. Metade de sua casa de três cômodos foi destruída pelo terremoto. Sete pessoas moram nela. A escola de seus filhos também veio abaixo, assim como a do segurança Honore Batista, de 43 anos.
"A escola caiu", contou, lamentando a morte do primo na tragédia. Seu colega de trabalho chama a reportagem de lado e pede para falar. "Aqui no Haiti, tem muito dinheiro nas mãos de apenas 5%", diz Gyn Júnior.
O cenário luxuoso do condomínio Belvil impressionou o jovem Johnson, de 18 anos, que trabalha para a reportagem como intérprete. Ele - que aprendeu a falar português com os militares brasileiros e agora passa o dia diante da base militar em busca de dinheiro - perdeu a casa no terremoto e agora dorme com a mãe na parte da frente do que sobrou da residência. Seus amigos e parentes estão acampados debaixo de lonas e lençóis.
Sulamérica Trânsito
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