Comissão determina que nenhum policial será punido pela morte de Jean Charles

da Folha Online

A Comissão Independente de Queixas da Polícia (IPCC) inglesa indicou nesta sexta-feira que nenhum policial será punido pela morte de Jean Charles de Menezes, o brasileiro que foi morto a tiros por policiais no metrô de Londres ao ser confundido com um terrorista, semanas depois dos atentados fracassados de 2005 na cidade.

A IPCC, que supervisiona o trabalho das forças de segurança do Reino Unido, revisou as provas da investigação pública sobre o caso a pedido dos advogados da família do brasileiro. Eles pediram para que a comissão revisasse a decisão anterior de não aplicar medidas disciplinares contra os agentes envolvidos no tiroteio.

Jean Charles foi morto por policiais em 22 de julho de 2005, com sete tiros na cabeça, na estação de metrô de Stockwell, sul de Londres, ao ser confundido com o terrorista Hussain Osman. O crime aconteceu um dia depois de atentados ao sistema de transportes londrino terem fracassado e duas semanas depois de ataques que deixaram dezenas de mortos e centenas de feridos na capital inglesa.

Em 12 de fevereiro desde ano, a família do brasileiro decidiu abandonar a via judicial após ser confirmado que nenhum policial será processado pela morte do jovem. Na época, a Justiça escolheu um veredicto "inconclusivo" em detrimento de um veredicto de "homicídio involuntário" --opção que era defendida pelos policiais.

A Comissão informou aos advogados que representam a família de Jean Charles que "se aterá à sua decisão de recomendar ações disciplinares contra os agentes de polícia envolvidos no tiroteio fatal", anunciou um porta-voz do IPCC.

Um porta-voz da campanha "Justiça para Jean" afirmou que a resolução do IPCC é uma "parodia das conclusões da investigação pública". "A decisão de hoje do IPCC dá luz verde aos agentes da polícia para que atuem com impunidade", disse o porta-voz da campanha, que pede justiça contra os responsáveis pela morte do eletricista.

Até o final do ano, a família de Jean Charles deve chegar a um acordo com a polícia por uma indenização econômica após não ter conseguido que nenhum dos responsáveis da tragédia fosse condenado.

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