23/09/09 - 00h57 - Atualizado em 23/09/09 - 00h55
Tegucigalpa, 22 set (EFE).- O sacerdote Andrés Tamayo, um dos seguidores do deposto presidente de Honduras, Manuel Zelaya, que o acompanha na embaixada do Brasil em Tegucigalpa, disse à agência Efe que não dormem "por velar perante o perigo".
Tamayo, de origem salvadorenha e residente em Honduras há 26 anos, indicou que "a situação na embaixada é difícil", porque "os militares golpistas e a Polícia querem tirar ao presidente" da proteção diplomática brasileira, fato negado pelo regime de fato que preside Roberto Micheletti.
Zelaya, que na noite da segunda-feira esteve acompanhado por cerca de 400 pessoas no interior da embaixada, segundo Tamayo, e cerca de 5 mil pessoas nos arredores da embaixada, hoje está isolado de sua gente e os arredores de seu refúgio temporário estão isolados por dezenas de militares e policiais.
Os manifestantes que estavam na segunda-feira em frente à embaixada, foram desalojados na primeira hora de hoje pela Polícia com apoio do Exército e o uso de gás lacrimogêneo, água e bastões de madeira.
Além disso, para alterar o ambiente no interior da embaixada, a Polícia ativou na rua um potente equipamento de som que emitia um barulho estridente.
"Nos ameaçaram de muitas formas, também lançaram bombas de gás lacrimogêneo à embaixada, sem importar-lhes que aqui também havia crianças", contou.
Tamayo indicou que a embaixada "se inundou de pessoas que queriam saudar ao presidente após 86 dias de ausência pelo golpe de Estado", de 28 de junho passado.
"Outros se introduziram como puderam na embaixada para se proteger, porque eram perseguidos pela Polícia", acrescentou o religioso.
O regime de Micheletti cancelou a nacionalidade hondurenha a Tamayo por participar da resistência popular que exige o retorno de Zelaya ao poder, e convidar aos hondurenhos a não reconhecer as eleições de 29 de novembro.
Além disso, segundo explicou Tamayo, embora continue sendo sacerdote, lhe tiraram suas funções de pároco de Salamá, uma pequena comunidade do departamento de Olancho, onde há vários anos organizou um movimento social em defesa das florestas dessa região de Honduras.
Sobre a situação de Zelaya na embaixada, Tamayo disse que "apesar de tudo o vivido desde o golpe, ele continua sendo um homem sereno; sabe moderar, dirigir, manter os critérios rumo ao que se aspira e deseja como país".
"Estas coisas ameaçantes não o descontrolam, mesmo padecendo da falta de horas de sono, por velar perante o perigo não dormimos, mas ele está muito bem, sereno e convencido do que está fazendo a favor de Honduras e seu povo", enfatizou o sacerdote.
"Os militares golpistas não pensaram na lei e acharam que ultrapassariam tudo atirando bombas lacrimogêneas, para que nos desesperássemos, afogássemos e abandonássemos este território", acrescentou.
Disse que a presença de numerosas pessoas na embaixada do Brasil, que hoje abandonaram 140 adultos e 22 crianças, "também era para garantir-lhe segurança (a Zelaya) porque aqui também o querem matar".
Tamayo relatou que 400 pessoas permaneciam a princípio na embaixada brasileira, o que provocou "um problema pela falta de alimentos, água e remédios".
"Tivemos momentos nos quais tínhamos que dividir um biscoito em quatro partes para que ninguém ficasse sem comer. Houve muita solidariedade, o presidente nos acompanhou o tempo todo", expressou Tamayo.
A situação se aliviou hoje com um envio de alimentos e água que lhes fez chegar o pessoal do escritório das Nações Unidas. EFE
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