ANDRÉ MONTEIRO
da Folha Online
Pelo menos 19 pessoas que participaram de um protesto na favela de Heliópolis, na zona sul de São Paulo, foram detidos na noite desta terça-feira, segundo informações da Polícia Militar. Os moradores protestam contra a morte de uma estudante de 17 anos, atingida por uma bala perdida durante uma perseguição policial na região, na noite desta segunda-feira.
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Garota voltava por local onde foi morta para evitar ruas perigosas
Eles foram levados para a 1ª Companhia da 46ª BPM (Batalhão da Polícia Militar), por suspeita de envolvimento na ação --que deixou três ônibus e dois carros queimados, e um policial ferido. Entre os detidos, há adolescentes.
Joel Silva/Folha Imagem |
Manifestantes ateiam fogo em veículos em protesto contra morte de garota em favela de SP; bombeiros são recebidos a pedradas |
De acordo com a Polícia Militar, por volta das 23h30, o tumulto havia sido controlado, porém, a polícia manteve a ocupação na favela.
Algumas vias que dão acesso à favela chegaram a ser bloqueadas --como a avenida Almirante Delamare, a estrada das Lágrimas, na rua do Grito e na rua Cônego Xavier-- mas já foram liberadas.
Porém, ainda havia focos de barricadas em algumas vias da região. Equipes do Corpo de Bombeiros acionadas para controlar os focos de incêndio foram recebidas a pedradas e tiveram dois veículos da corporação depredados.
Houve confronto entre moradores e policiais militares. Não há informações sobre moradores feridos.
O protesto causou pânico e dividiu a opinião de moradores. Um homem que não quis dizer o nome afirmou à Folha Online que estava apreensivo porque a mulher havia ido a igreja e não tinha voltado até por volta das 22h. "Foi uma fatalidade [a morte da estudante]. Isso [queimar veículos] é ação de vândalos", disse o morador.
Uma mulher, que também não quis se identificar, reclamou do tratamento que a polícia dá aos moradores da favela, e disse ser favorável ao protesto. A moradora, porém, disse discordar da forma como a manifestação era feita, e aguardava para entrar na comunidade.
Andre Penner/AP | ||
Polícia entra em confronto com moradores da favela de Heliópolis, em SP, durante protesto contra morte de jovem |
Tiroteio
A garota voltava da escola pela estrada das Lágrimas, em Heliópolis, zona sul de São Paulo, na noite desta segunda-feira, quando foi atingida por um tiro no pescoço durante troca de tiros entre guardas civis de São Caetano do Sul (Grande São Paulo) e os suspeitos de roubar o Ford Ka. O corpo da jovem é velado na noite desta terça-feira em uma capela na região.
Ela foi socorrida e encaminhada para um hospital da região, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. A jovem morava com a mãe e uma filha de um ano e oito meses.
Durante a perseguição --que começou em São Caetano do Sul-- os suspeitos entraram com o carro roubado na favela de Heliópolis, quando os guardas civis atiraram no pneu do carro. O motorista perdeu o controle do veículo e bateu em um Corsa que trafegava pela via.
Ao descerem do carro, os suspeitos trocaram tiros com os guardas e uma bala --ainda não se sabe de qual arma-- atingiu a adolescente no pescoço.
Uma mulher que estava no banco de trás do carro foi presa por suspeita de envolvimento no roubo. Ela afirmou à polícia que era vítima de um sequestro, mas a dona do Ka roubado afirmou que a suspeita estava com o homem que levou seu carro. Ela não tinha passagem anterior pela polícia, segundo o boletim de ocorrência. O homem que dirigia o Ford Ka conseguiu fugir. A polícia investiga ainda o envolvimento de uma terceira pessoa.
Os guardas civis que participaram do tiroteio foram afastados da Guarda Civil de São Caetano do Sul até o término das investigações. A decisão foi anunciada pelo secretário municipal de Segurança de São Caetano do Sul, Moacir Rodrigues.
colaborou MARINA NOVAES, da Folha Online
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