O Brasil numa camisa de 11 varas em Honduras
Participando deste conluio engendrado pelo governo venezuelano para favorecer um governante golpista e desmoralizado, o Brasil ingressa perigosamente no clube dos dirigentes bolivarianos autoritários. Nunca se viu na história da diplomacia mundial um país conceder menagem, em sua embaixada em outro país, a um natural dentro de seu próprio território para fazer comícios. O Brasil meteu-se numa camisa de 11 varas e coloca-se ao lado dos piores modelos de diplomatas e tiranetes travestidos de democratas. Manuel Zelaya, com seu exótico e ridículo chapéu de boiadeiro, pilhado em flagrante no momento em que pretendia golpear a Constituição de Honduras, merecendo por isso a repulsa dos hondurenhos e a condenação dos tribunais, buscou solidariedade em Cuba, com Hugo Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa, e em Brasília tentou obter o apoio do presidente Lula, na permissão para que o fugitivo da Justiça de sua terra se homiziasse na embaixada brasileira, cercado de um magote de desocupados e baderneiros.
Para se ter uma ideia da enrascada em que se envolve o governo brasileiro, ele deve decidir sobre o expresso pedido do governo de Honduras para que seja o transgressor e delinquente entregue à Justiça local ou lhe conceda a condição de asilado, impedindo que use a embaixada como palanque político. Enreda-se mais a diplomacia nos arranjos e perfilhações ideológicas, dispondo o Brasil ao escárnio das nações civilizadas pela constrangedora atitude. A inviolabilidade da sede diplomática do Brasil em Tegucigalpa é algo consolidado nas normas diplomáticas de todo o mundo, razão porque o governo local não cometeria a imprudência de invadi-la. A única e estreita via que resta ao governo brasileiro é indicar ao golpista Zelaya o caminho de volta ao local onde estava homiziado para escapar das garras da Justiça de sua terra, obrigando-o a deixar a embaixada e, com isso, acalmar a maioria da população que já se encontrava em plena campanha eleitoral para a escolha do presidente do país.
Enquanto as trombetas da publicidade oficial procuram lugar onde Lula possa esconder a cara ante o olhar crítico dos chefes de governo estrangeiros, reunidos em Nova York para a Assembleia Geral da ONU e a Conferência sobre o Clima, milhares de hondurenhos se solidarizam com seu governo pela atitude firme de respeitar as decisões da Justiça, oferecendo ao golpista invasor a única saída: entregar-se para julgamento dos seus atos criminosos e atentatórios à Constituição de seu país ou asilar-se.
Uma vergonha a trama de Lula, Chávez e Ortega, o trio de ouro da patuscada internacional. O Brasil deve rapidamente se livrar da camisa de 11 varas em que se meteu, sobretudo porque jogou fora longo e sedimentado capital de boas articulações internacionais com seus vizinhos. A não ser que deseje continuar a marcha batida para a insensatez, repetida interna e externamente em suas intervenções, marcadas pelo carimbo ideológico e não pelo legítimo interesse nacional.
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