A costureira Vera Lúcia dos Reis, 46, levou um susto quando descobriu que seu filho Deleon de Oliveira, 22, tinha uma namorada -e mais ainda quando ele contou que tinha tido uma relação sexual. O jovem tem deficiência mental, e Vera diz que o via como "uma eterna criança". "Nem imaginava que ele sabia o que era sexo", afirma.
Foi quando ela pediu à Avape (Associação para Valorização e Promoção de Excepcionais), onde ele é atendido, que o incluísse em um novo projeto: um grupo de sexualidade para deficientes intelectuais.
A psicóloga Denise Teixeira, coordenadora, usa dinâmicas, música e expressão corporal para abordar o tema entre os 18 participantes.
Bonecos e materiais de silicone ajudam na abordagem de sistemas reprodutores, anticoncepcionais e doenças sexualmente transmissíveis. "A abstração é algo complexo para eles. Eles precisam de coisas concretas, têm de pegar para aprender", conta Teixeira, que descobriu que a maioria já tinha tido relação sexual, mas ninguém sabia colocar a camisinha.
O sexo na deficiência intelectual é um tema delicado. "Fisicamente, eles têm desenvolvimento normal. Têm as mesmas necessidades que nós", diz. Uma pesquisa da Avape com 145 pais mostrou que 70% deles não orientam os filhos sobre o assunto. Sem informação, eles ficam vulneráveis a assédio e abuso. Alguns deles contaram experiências do tipo nas reuniões.
Também é trabalhada a afetividade. "Quando eles descobrem o prazer, passam a buscá-lo não importa como, com quem ou onde. Tentamos resgatar o respeito por eles e pelos outros."
Uma vez por mês, há uma reunião com os pais. O conselho de Teixeira para quem tem um filho deficiente intelectual é que converse sobre o assunto. Se os pais não se sentirem à vontade, devem procurar um profissional que os auxilie. "O que não pode é negar o tema", afirma.
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