Assim como a recepcionista Roberta Helena dos Santos Silva, de 20 anos, internada em estado grave no Hospital de Saracuruna após percorrer vários hospitais da Zona Oeste do Rio, pacientes enfrentam um longo e doloroso caminho para conseguir tratamento na rede pública de saúde.
Nos corredores das principais emergências, a "esperança está nas mãos de Deus". Essa é a frase mais ouvida pelos parentes dos doentes internados no Rocha Faria. Para aliviar a revolta, eles se refugiam em orações, distribuídas por missionários nas filas para atendimento. Segundo eles, faltam médicos, remédios e equipamentos.
- Morreram 16 senhoras na enfermaria das mulheres essa semana. Ficamos sem médico na terça, quarta e quinta. A gente não conseguia medicamentos. Na Ouvidoria, mandaram preencher um formulário e o diretor não nos recebeu - declarou Rosângela da Silva Almeida, de 50 anos, acompanhante da sogra de 84 anos, que sofre de fibrose pulmonar.
Há um mês, Rita Cássia Henrique de Souza, de 44 anos, luta para conseguir tratamento para o marido, Aurélio Félix Batista, de 75 anos. Ele teve um câncer de pulmão diagnosticado e está internado há 15 dias no Rocha Faria.
- Com idoso o atendimento é ainda pior. Meu marido só foi levado ao Iaserj para fazer uma tomografia porque eu chorei e implorei. Não aparece nenhum médico e ele não fez até agora a biopsia - conta Rita.
Vítimas de violência também não encontram especialistas como neurocirurgiões em hospitais de emergência, como o Hospital Pedro II.
- Quando tem baleado na cabeça, a gente manda para o Souza Aguiar ou Hospital de Saracuruna. Aqui não tem condição - diz uma funcionária.
No Albert Schweitzer, médicos e enfermeiros levaram um susto. Houve falta de eletricidade e eles tiveram dificuldade em manter os níveis de oxigênio dos respiradores.
- A gente ficou quase doido. Lutamos muito e o governador nos chama de vagabundos - reclama um médico.
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