Tendência no momento em que o negócio for concretizado, porém, é de realização de lucros e queda no valor
Giuliana Vallone, do estadao.com.br
Isso porque, segundo o gerente de pesquisas da Planner Corretora, Ricardo Martins, os investidores pagam um valor pela expectativa de conclusão do negócio. Assim, quando a aquisição é de fato concluída, a tendência é que os investidores vendam esses papéis e embolsem o dinheiro investido durante as negociações. "Para quem está no papel nesse momento, achando que de repente (o preço) pode subir um pouco mais, é perigoso. Isso porque, geralmente, quando o fato é concretizado, a tendência é de realização de lucros."
No caso das ações do Banco do Brasil, o movimento inicial deve ser exatamente o contrário: quem está no mercado deve ir em busca delas, o que deve gerar uma leve valorização no preço desses papéis. "Em um primeiro momento, caem as ações da Nossa Caixa e sobem as do Banco do Brasil", afirmou Martins.
O movimento após essa reação inicial, segundo ele, vai depender da relação de troca anunciada pelas instituições na operação. "A relação de troca proposta é benéfica para os acionistas da Nossa Caixa além daquilo que se imaginava? É. Então a tendência é que esse momento de realização de lucros zere e haja uma correção dessa manutenção da vantagem. Se houver desvantagem para esses acionistas, a realização de lucros deve ser um pouco mais intensa", disse. "Tendo as condições definitivas da aquisição, a tendência é que o mercado refaça a conta e veja se houve vantagem ou desvantagem para os acionistas."
Para a área de pesquisa do Banco Banif, as ações do BB tendem a manter uma valorização por pelo menos dois trimestres. Isso porque ele terá uma carteira importante de crédito consignado vinda da Nossa Caixa, além de um funding - custo de financiamento - mais barato. Na avaliação do Banif, a ação do BB, que estava em R$ 13,40 na terça-feira, pode chegar a R$ 22 até dezembro de 2009
Itaú e Unibanco
O movimento das ações de Unibanco e Itaú após o anúncio da fusão entre as instituições foi um pouco diferente do previsto para BB e Nossa Caixa. Isso porque a operação não foi antecipada pelo mercado e, assim, a fusão não foi precificada antes de sua divulgação. "As duas ações subiram fortemente. Até porque o que houve foi uma relação de troca. Pelas informações disponíveis, o mercado viu que a fusão era boa pra ambos os casos", disse Martins.
Após a euforia dos primeiros dias, porém, os papéis voltaram a perder valor. Isso porque, segundo ele, o investidor voltou ao ambiente de crise financeira mundial. "Então houve uma imposição dessa realidade e uma realização pelo mercado desses papéis."
Para o Banif, a volatilidade do mercado de ações no atual cenário também pode prejudicar os efeitos do anúncio da aquisição da Nossa Caixa nos papéis das instituições envolvidas.
Desistência
Martins afirmou ainda que, como houve uma valorização grande das ações da Nossa Caixa em decorrência das negociações com o Banco do Brasil, o preço desses papéis pode sofrer uma forte queda caso o negócio não seja concretizado. "O mercado até agora está pagando a venda para o BB. Se o [governador de São Paulo, José] Serra desistir, do mesmo jeito que subiu forte, vai cair forte", disse.
As ações do BB também tendem a se desvalorizar, apesar de terem precificado menos essa aquisição, já que a fusão entre Unibanco e Itaú evidenciou a necessidade das outras instituições financeiras acompanharem o movimento e manterem suas parcelas no mercado.
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