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MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS
Dois deputados do PT entraram com representações no Ministério Público Estadual pedindo investigação sobre contratos da Sabesp (empresa de saneamento do Estado de São Paulo) assinados com empresas denunciadas por fraude em licitações em Campinas.
O líder da minoria na Assembleia Legislativa de São Paulo, João Paulo Rillo, e o vice-líder da bancada do PT, Luiz Cláudio Marcolino, protocolaram na semana passada o pedido de apuração de indícios de improbidade e crimes em contratos com o empresário Gregório Wanderlei Cerveira.
A soma dos contratos é de R$ 58 milhões.
Outro documento será encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Fernando Grella Vieira, pedindo aprofundamento nas investigações de contratos de estatais com empresas envolvidas no suposto esquema de fraudes em Campinas.
Cerveira está entre os 22 denunciados pelos promotores de Campinas por suposto envolvimento em contratos fraudulentos na Sanasa (empresa mista de saneamento da cidade).
O suposto esquema, segundo os promotores, era comandado pela primeira-dama e ex-chefe de gabinete Rosely Nassim Santos, mulher do prefeito Hélio de Oliveira Santos, o dr. Hélio (PDT). Ela e o vice-prefeito Demétrio Vilagra (PT) estão entre os denunciados. Ambos negam qualquer envolvimento no esquema.
Em um dos diálogos interceptados pelo Ministério Público, Cerveira combina com seu sócio na empresa Hidrax, Thomaz Pereira Júnior, de não mencionar o nome da Sabesp em seu depoimento aos promotores.
A investigação indica que esse e outros trechos revelam "possível existência de outros contratos fraudulentos" que deverão ser investigados em "momento oportuno".
De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério Público Estadual, foi enviada cópia dos contratos da Sabesp considerados suspeitos para a Corregedoria-Geral da administração.
DEPOIMENTO
O pedido de investigação registrado pelos deputados foi mencionado na tarde desta sexta-feira em depoimento do presidente estadual do PT e também deputado estadual, Edinho Silva. Ele compareceu à Câmara Municipal de Campinas como testemunha de defesa do prefeito no processo que pode resultar no impeachment de dr. Hélio.
Apesar de não estar entre os denunciados por corrupção, o prefeito é acusado pelo vereador Artur Orsi (PSDB) de ter sido negligente e omisso ao permitir a ocorrência do esquema em sua administração.
Ainda segundo Orsi, o prefeito tem responsabilidade por nomear como secretários pessoas hoje acusadas de formação de quadrilha, como o ex-secretário de Comunicação Francisco de Lagos, que também nega as acusações.
O advogado do prefeito, Alberto Rollo, questionou ao petista se houve algum pedido de investigação em âmbito estadual por conta de contratos semelhantes denunciados no município.
Ele argumenta que tem ocorrido politização da investigação, que gerou consequências político-administrativas apenas no governo pedetista, mas não no governo tucano.
Contratos da Sabesp também aparecem em outra investigação do Ministério Público sobre a atuação de uma quadrilha de empresários supostamente liderados por José Carlos Cepera. Eles teriam fraudado licitações em Campinas e outras dez cidades do Estado, além de municípios no Tocantins, num total de R$ 615 milhões em contratos.
Com a Sabesp, ao menos três empresas do grupo de Cepera --Infratec, Lotus e Pluriserv-- firmaram contratos de R$ 40,2 milhões entre 2005 e 2010.
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