Ex-presidente elogia atuação de Dilma e diz que, se as denúncias não foram provadas, envolvidos recuperam os cargos
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O ESTADO DE S. PAULOO ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, aventou ontem a possibilidade de integrantes do PR voltarem a ocupar cargos do primeiro escalão mesmo após as denúncias de corrupção no Ministério dos Transportes. Provocado sobre o assunto, Lula, durante visita ao Recife, observou que a investigação está em curso e que "separado o joio do trigo, aqueles que não forem culpados podem voltar".
"De qualquer forma fica o processo de investigação", afirmou o ex-presidente, ao acrescentar que, "graças a Deus" o Brasil tem muitas instituições de investigação. Citou a Controladoria Geral da União (CGU), a Polícia Federal, o Ministério Público, o Tribunal de Contas da União (TCU), a imprensa e o Congresso.
Ele elogiou, mais uma vez, a atuação da presidente Dilma Rousseff, que considerou correta: "A cada denúncia, há uma investigação que está sendo investigada por várias frentes".
Segundo Lula, comprovadas as denúncias, "essas pessoas serão punidas como qualquer pessoa que comete erro neste País".
"O importante em um governo democrático e transparente é que a Controladoria Geral da União, a Polícia Federal e o Ministério Público estão aí para investigar", reforçou. "Em um governo pouco democrático, você joga isso debaixo do tapete."
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), principal aliado de Lula que hoje integra o governo Dilma, defendia a permanência do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot, no cargo. Essa também seria a vontade do ex-presidente Lula, que chegou a manifestar a interlocutores próximos a preocupação com possíveis danos à governabilidade da presidente por conta das demissões de apadrinhados políticos do PR no Ministério dos Transportes.
A presidente, porém, avisou a Carvalho e aos demais integrantes do governo que as demissões vão prosseguir sempre que ela achar necessário e que pairarem suspeitas sobre integrantes de seu governo.
Homenagem. O ex-presidente concedeu uma rápida e tumultuadas entrevista ao deixar o Teatro Santa Isabel, na Praça da República, centro da capital pernambucana, onde recebeu pela manhã o título de doutor honoris causa de três universidades públicas - a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e a Universidade de Pernambuco (UPE).
Na primeira visita ao seu Estado de origem depois de ter deixado a Presidência, ele também assistiu ao concerto da Orquestra Criança Cidadã - fruto de um projeto social que teve seu apoio quando presidente - no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, zona sul da cidade, na noite de anteontem.
Sempre acompanhado do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), de quem é amigo, Lula se reuniu com partidos aliados antes de retornar a São Paulo. O ex-presidente participou de um almoço fechado à imprensa, em uma casa de recepções.
Livro e memorial. Segundo o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho (PSB), que participou do encontro. Lula reiterou aos aliados que seus projetos prioritários incluem a criação do Memorial da Democracia, conforme antecipou o Estado, a transferência de experiências do seu governo a países da América Latina e África, e a produção de um livro sobre seus oito anos de governo.
O livro, de acordo com o ministro Fernando Bezerra, terá relatos de pessoas de cada setor da sociedade sobre as mudanças que ocorreram em suas áreas com o Gverno Lula.
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