Sumaia Villela – Repórter
O funcionário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Cícero Antônio Valério da Silva, também conhecido por Professor Valério ou Valério do INSS, possuía um escritório particular na galeria Pop Brazil, localizada no cruzamento da Rua Barão de Atalaia com a Travessa França Morel, no Centro. Fontes informaram à reportagem que ele utilizaria a sala para atender pensionistas e aposentados no local, uma conduta que, caso seja confirmada, é conflitante com a função que exercia no órgão federal.
No dia em que foi desencadeada a operação CID-F, na terça-feira passada, a Polícia Federal foi até a galeria para tentar prendê-lo, segundo informou o porteiro do prédio, que pediu para não ser identificado. Ele, porém, já estava foragido, e foi o último a ser preso. O funcionário se entregou na quinta-feira. Os agentes também teria apreendido documentos que estariam no escritório de Valério.
O acusado, que foi candidato a vereador pelo PT em 2008 e foi, durante muitos pleitos, cabo eleitoral do deputado estadual Temoteo Correa (DEM), é apontado como um dos funcionários responsáveis por agendar e remarcar perícias médicas de modo a serem direcionadas sempre aos mesmos peritos, que também fariam parte do esquema. Ele receberia entre R$100 e R$200 por operação, de acordo reportagem especial publicada na edição de domingo de O JORNAL.
Ele ocupava uma das duas salas localizadas no número 107, do primeiro andar da galeria Pop Brazil. A outra sala era alugada a uma firma de advocacia, consultoria e cobrança, que pediu para não ter o nome divulgado na reportagem. A advogada proprietária da firma disse que não quer falar sobre o assunto com a imprensa, e se limitou a dizer que ele e o esposo pediram ao proprietário do espaço que não mais abrigasse o escritório do funcionário do INSS ali.
Ela explicou que o local era apenas dividido entre os dois locatários, e os aluguéis são independentes – Valério e o casal dividiriam apenas algumas despesas em comum, como telefone. “Até a secretária era diferente”, ressaltou, alegando que, quando chegou no prédio, Valério já ocupava o recinto ao lado. Outro ocupante do prédio afirmou que ele estaria lá há mais de um ano de meio.
A secretária do acusado não apareceu mais depois da operação, e a sala está desocupada, com alguns papéis na mesa e os computadores intocados. Ainda foi possível ver um adesivo de campanha com o seu nome, Professor Valério, em cima de uma das duas escrivaninhas do cômodo, antes que a advogada pedisse que a reportagem se retirasse do local, educadamente.
A galeria Pop Brazil reúne diversos restabelecimento de natureza diferente, de salão de beleza a empresa de turismo, de contadores a consultórios. O porteiro revelou o medo dos empresários de ter o nome do prédio ligado a atividades ilegais. “Foi uma situação isolada”, falou.
PRORROGAÇÃO- O delegado da Polícia Federal, Alexandre Borges, responsável pelas investigações que desencadearam a Operação CID-F, afirmou que pedirá a prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito. Das 25 pessoas detidas na última terça-feira, 15 foram libertadas no domingo.
Ele também pediu a prorrogação da prisão temporária de dois dos acusados, com base no surgimento de novos indícios que comprovariam a participação dos presos no esquema que desviou R$12 milhões da Previdência. Outras oito pessoas que estão com a prisão temporária decretada possuem um prazo maior para permanecer atrás das grades. Borges não revelou nomes, mas destacou que um dos dois suspeitos se entregou voluntariamente, o que aponta praticamente a sua identidade, já que ocorreu apenas um caso desse tipo: o de Valério.
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