O ex-ministro José Dirceu (PT), afastado do primeiro mandato do governo Lula por suspeitas de ser um dos principais idealizadores do esquema do mensalão, criticou nesta sexta-feira as investigações contra a prefeitura de Campinas, que apuram suspeitas de fraudes envolvendo a empresa de água e esgoto da cidade, a Sanasa. Dirceu afirmou em seu blog que se trata de "um caso exemplar de abuso de autoridade, de prisões preventivas desnecessárias e ilegais, de coação, de ameaças e chantagens políticas por parte de vereadores ligados ao governo tucano de São Paulo."
Uma comissão de vereadores da cidade decidiu dar prosseguimento ao processo de cassação do prefeito Hélio de Oliveira Santos (PDT). Segundo a Câmara de Vereadores, ele entregou a defesa e deve ser ouvido no dia 29 de junho, mas pode se recusar a falar. Na documento entregue à Câmara, o advogado do prefeito, Alberto Rollo, afirmou que o Ministério Público nunca fez qualquer acusação contra seu cliente. "A denúncia diz mais ou menos o seguinte: a imprensa local está publicando um monte de coisas que as pessoas fizeram. Então, se o prefeito é o responsável maior pela prefeitura, ele tem que ser cassado", disse.
"O que vemos em Campinas é mais um caso de violação fragrante dos direitos individuais, a pretexto de combater a corrupção. Mais um exemplo de uso político de investigações do Ministério Público de São Paulo, de objetivos eleitorais e ação política travestidos de luta pela ética. E o pior de tudo, mais um caso de encobrimento de denúncias contra o PSDB e de envolvimento do PT sem provas e evidências", disse Dirceu.
Ele defendeu o prefeito e citou uma reportagem publicada hoje no Estado de S. Paulo, dizendo que Hélio Santos sofre perseguição política. O processo que pede o impeachment do prefeito foi aprovado por unanimidade na Câmara três dias depois de o MP e a Corregedoria da Polícia Civil deflagrarem uma operação que prendeu 20 pessoas, entre elas o vice-prefeito, Demétrio Vilagra (PT), e dois secretários municipais, Carlos Henrique Pinto (Segurança Pública) e Francisco de Lagos (Comunicações).
Todos respondem ao processo em liberdade. As prisões foram determinadas pela Justiça com base na apuração de irregularidades em contratos da Sanasa, feita pelo MP. As denúncias partiram do ex-presidente da Sanasa Luiz Augusto Contrillon de Aquino, que, com o benefício da delação premiada, apontou aos promotores como funcionava a suposta operação de tráfico de influência. Segundo a investigação, a primeira-dama e ex-chefe de gabinete, Rosely Nassin Jorge Santos, é a chefe do esquema de corrupção.
Sphere: Related Content
Nenhum comentário:
Postar um comentário