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terça-feira, 17 de maio de 2011

“Maria Bethania, Bebel Gilberto, Ana de Hollanda

Post do Leitor: “Maria Bethania, Bebel Gilberto, Ana de Hollanda – está na hora de pararmos de fazer “campanhas” contra pessoas de bem e começarmos a discutir políticas públicas para a cultura”

Ana de Hollanda (mãos no rosto) escoltada para evitar a imprensa: a ministra está no centro de um furacão político que pode custar-lhe o cargo

Amigos, este Post do Leitor vai dar polêmica. É do leitor Jotavê, que se define apenas como “um eleitor” e já compareceu antes a este espaço.

Já tive que devolver verbas à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) algumas vezes. Sou professor e, quando vou a um congresso, dependo do dinheiro das agências financiadoras. Há basicamente três rubricas envolvidas no processo: diárias, transportes e seguro de saúde. Mais simples, impossível.

Mesmo assim, erro. Veja se você também não ficaria na dúvida. Imagine que, por razões de trabalho, tivesse que tomar o avião no dia 5, digamos, chegar em Madri no dia 6, e só pegar a conexão para Viena no meio da tarde. Lá, tem que tomar um trem para uma cidadezinha no interior da Áustria. Como já anoiteceu e você está morto de cansaço, dorme em Viena e segue no dia 7 de manhãzinha para o seu Congresso.

E então? A diária começa a ser paga no dia 6, quando você chegou ao país de destino, ou no dia 7, quando começou o evento? Eu incluí o dia 6 na conta. Errei feio. Nenhum grande drama. A carta com a cobrança chegou, no dia seguinte fiz um depósito, e o assunto encerrou-se aí.

A Fapesp, vejam bem, é uma ilha de eficiência. Regras claras e simples, burocracia azeitadíssima, julgamentos imparciais. De minha parte, juro por todos os santos e beatos que não quis embolsar indevidamente dinheiro público. Enganei-me.

Aconteceu comigo, acontece com todo mundo de vez em quando. Alguém tem dúvidas de que foi exatamente isso que aconteceu com a ministra da Cultura, Ana de Hollanda? Existe alguma justificativa para o TAMANHO da polêmica que se formou em torno dessa picuinha?

O caso da Bebel Gilberto é ainda mais grave. Ou mais ridículo, sei lá. Um projeto demora um bom tempo para ser elaborado, e mais tempo ainda para tramitar no Ministério da Cultura (Minc). O projeto de Bebel [sobrinha da ministra da Cultura] já deveria estar rodando pelo ministério há um bom tempo quando Ana de Hollanda assumiu o cargo. Ela não tem nada a ver com a aprovação do projeto. Nada. Há um parecer elaborado por um relator, e um comitê que aprova ou reprova o projeto com base naquele parecer. A ministra assina. Só isso.

O que esperavam que ela fizesse? Que contrariasse o parecer do comitê? Essa gente ficou louca?

Bebel Gilberto: "Seu projeto já deveria estar rodando pelo Ministério da Cultura há um bom tempo quando Ana de Hollanda assumiu o cargo"

Repete-se agora a mesma escalada de insensatez a que assistimos no caso do blog de Maria Bethania.

De que a lei Rouanet esteja superada, acho que nem mesmo o professor Sérgio Rouanet tem dúvidas. Ela foi usada, por exemplo, para financiar a vinda do Cirque du Soleil ao Brasil. Isso mesmo. O Circo multimilionário usou dinheiro do contribuinte brasileiro (9,4 milhões, para ser mais preciso) para financiar suas apresentações. Livros luxuosos de fotografias dados de brinde de final de ano têm invariavelmente o logo do Minc na página de rosto.

Pagamos os mimos que bancos e grandes empresas dão a seus melhores clientes. Sai de graça. Eu pago o seu, você paga o meu, e nenhum de nós dois paga imposto. Custo zero – às nossas custas.

O projeto da Bethania era maravilhoso. Um blog alimentado todos os dias por poesias, utilizando a imagem pública e o talento da cantora para impulsionar o número de acessos. Tinha tudo para dar certo. Os preços eram relativamente baixos. O cachê da Bethânia absolutamente COMPATÍVEL com o trabalho a ser realizado – 50 mil por mês ao longo de 12 meses. Ela ganha o dobro disso numa noite.

Onde é que está o abuso? Alguém pediu para o Cirque du Soleil cobrar preços simbólicos pelo trabalho de seus artistas? Por que deveria ser diferente com uma das maiores cantoras da história de nossa música popular?

Projeto Maria Bethânia: "Seu cachê seria compatível com o trabalho a ser realizado -- quantia que a cantora ganha em uma noite"

Essas “campanhas” conduzidas em uníssono contra pessoas de bem têm que acabar.

Vamos discutir a lei Rouanet? Não é preciso arrastar o nome de ninguém na lama para isso. Basta apresentar argumentos, alternativas.

Vamos discutir as mudanças imprimidas por Ana de Hollanda na condução do Minc? É tudo que NÃO se tem discutido.

Seus inimigos preferem a estratégia rasteira de sufocá-la em irrelevâncias repetidas à exaustão, sem nunca levar a efeito uma discussão substantiva das políticas públicas para a cultura que desejamos para o Brasil.


15 Comentários

  • Ana Paula

    -

    16/05/2011 às 22:34

    Gosto desse Jotavê. Sempre olhando o lado bom das pessoas…e sempre polêmico.

  • Mauro Pereira

    -

    16/05/2011 às 22:33

    Caro Ricardo Setti, boa noite.
    Quero me antecipar à contra-argumentação, que certamente virá, e me penitenciar se estiver errado, mas desconfio que o Jotavê está buscando notoriedade incorporando a figura do advogado do diabo.

  • Luiz Pereira

    -

    16/05/2011 às 22:30

    Mais uma coisa: duvido que hoje em dia a Maria Bethania ganhe os tais 100 mil por uma noite.

  • Luiz Pereira

    -

    16/05/2011 às 22:25

    No dia em que criarem a Advocacia do Diabo, (e aqui no Brasil, se isso levar a uma sinecura, será criado), o Jotave pode se candidatar.
    Meu caro, o negócio é o seguinte: o PT extrapolou – e vai fazê-lo mais ainda – nas artes de desmoralizar a ética pública.
    Quando era oposição, já dava fumaça do que iria fazer, vide as denúncias do Paulo de Tarso Venceslau. Mas, com o Mensalão, o pai de todos os esquemas, tudo anterior ficou pequeno.
    O governo vai abafar o caso da consultoria do Palocci e o que mais vier.
    O Lula já não tentou até mesmo stalinizar o mensalão?
    Então, caro Jotave, assim que surje uma brecha, é pau em cima de quem está na frente!!!
    Eu estou de saco cheio dessa gente que sempre acha uma desculpinha para tudo e acaba justificando sarneys, renans, genoínos, dirceus, paloccis, pizzolatos (lembra-se deste?).
    Essa gente mentiu desbragadamente durante a campanha, e o desempenho semelhante ao de uma banana do Serra em nada ajudou a melhorar a vida da oposição.
    Mas agora, abriu brecha, no que depender de mim, baixo a borduna.
    Ainda mais na irmã do genial compositor (e cacete escritor) Chico Buarque. O mesmo que disse que com a Dilma o Brasil falaria de igual para igual com os EUA e o Paraguai. Com este último já arreglamos.
    Daqui para frente deve ser assim.
    Se a sua empregadora cometeu uma injustiça, defenda-se.
    Mas por favor, não venha defender essa turma incrustada no governo.
    Nào seja bonzinho com eles. Se deles depender, vão te ferrar nalgum ponto do caminho.
    Sds

  • Jotavê

    -

    16/05/2011 às 22:02

    Álvaro,

    Ao que tudo indica, a campanha contra a ministra tem origem no próprio PT. Lançado o boato, cria-se um falso escândalo, que ganha então vida própria, e passa a ser instrumentalizado pela oposição. Pare de raciocinar de forma tão paranoica. Não sou petista, nem tucano. Sou um brasileiro tentando compreender melhor o meu país, como você, como todos aqui.

  • Paulo Bento Bandarra

    -

    16/05/2011 às 21:55

    Pessoas de bem simplesmente não tungam dinheiro público para se auto-promoverem. Uma turma que está há mais de trinta anos nas paradas de sucesso não precisam mais de promoção com dinheiro público!

  • gaúcha indignada

    -

    16/05/2011 às 21:44

    Na primeira foto a Ana está saindo de uma Delegacia de Polícia???????

  • Anonimo

    -

    16/05/2011 às 21:43

    Ricardo
    O brasili é único nisso…
    quando é que cultura vai pagar imposto ao invés de receber incentivo de renúncia fiscal?

  • Jotavê

    -

    16/05/2011 às 21:19

    Ris,

    A ministra é obrigada a fixar residência em Brasília, e alegou ter ido ao Rio de Janeiro para cumprir uma agenda oficial. É preciso verificar exatamente o que aconteceu – e não descarto a possibilidade de que ela tenha mesmo que devolver diárias, se já não devolveu.

    A regra, ao que tudo indica, não é clara. Por que pressupor a má-fé, quando tudo aponta na direção de um simples mal-entendido?

    Se eu fosse uma figura pública e houvesse uma disputa acirrada em torno do meu cargo, provavelmente teria sido acusado de ter feito turismo em Viena às custas do governo.

    É só uma questão de pôr uma ênfase malandra no lugar errado.

    Veja a acusação envolvendo o projeto da Bebel Gilberto, feita pelas mesmas pessoas pelas mesmas razões no mesmíssimo contexto. Faz algum sentido para você?

    É uma campanha deliberada de difamação. Não está certo.

  • Altamiro Martins

    -

    16/05/2011 às 21:06

    Prezado Setti,

    Eu não tenho como discordar do “Jotavê”. E nem creio que o seu texto seja “polêmico”. Apenas um apelo à sensatez, sem sofismas ou ambigüidades.

    O resto é ruído.

    Abs,

    Altamiro

  • P Pereira

    -

    16/05/2011 às 20:59

    Ora, Jotavê, contra argumentos não há fatos.Ela é petista!

  • Alvaro

    -

    16/05/2011 às 20:56

    Conforme comentei na publicação anterior,do mesmo autor, a turma do PT deve contratá-lo como advogado de defesa. Narcio Tomás Bastos precisa de um vaselina desses para embolorar os casos escabrosos da colônia penal das estrelas poderosas.
    Essa turma está sendo beneficiada com o dinheiro público em troca do apoio político à antes candidata, e hoje “pta”. Isso no Brasil é praxe. Ou os mensalões são transformados em caixa-dois ou os artistas cobram cachês do governo.
    Dinheiro público é mais bem empregado para financiar projetos culturais de inclusão de anônimos preciosos que vivem por aí pedindo esmolas por que não descobriram que existe o “jabá” e também a “propina oficial”. Mediante projetos e normas definidas, esporte amador pode ser financiado pelo dinheiro público. Artistas de rua. Mananciais culturais em extinção. Festivais para quem não é profissional e por aí a fora. Dinheiro público, cota do Ministério da Cultura, é para estas coisas.
    E essa de aconteceu comigo é o fim da picada. É um tipo de achismo. O método precisa ser o científico, longe dos achismos. As exceções podem ser explicadas sem as mãos escondendo a face. Há pontos cegos e janelas em toda construção humana e porissa há na legislação. Nas cidade de pequeno porte do interior, onde as repartições públicas não costumam manter plantões de seus servidores para o “imprevisto”, urgências e emergências, acontecem coisas que obrigam as autoridades a passarem por cima das normas. Digamos que um Secretário de Saúde de uma dessas cidadelas pague do seu bolso um táxi para transportar um acidentado em via pública e depois queira receber dos cofres da secretaria que ele é titular, o dinheiro emprestado. Não pode. Não se pode emprestar dinheiro particular ao erário municipal. Mas, dixar uma vida se perder? Não. Toma-se a providência e no primeiro dia útil, chama-se o Ministério Público e formaliza-se o ocorrido.
    Ademais, o que está acontecendo com essa turma é a ação do fogo amigo. São facções dentro do partido se degladiando. Muitos gatos dentro do mesmo saco. E agora tem gente escalada para entrar nos blogs independentes, porisso mesmo criticos, vaselinando.
    Quando eu quero ver qualquer artista pago por isso.
    Não vejo demérito nenhum em devolver “diárias”.
    recebidas indevidamente, com ou sem dolo. “Quem não deve não treme”
    O que gerou o escândalo foi a tentativa de camuflar, as explicações mal engendradas, o esconder-se em público tampando o rosto com as mãos.
    Porisso tudo, no mínimo pode-se concluir que: A ministra não está preparada para o cargo que ocupa. O Ministério do governo atual foi nivelado por baixo, pelo critério do pagamento de dívida política, ou da genuflexão, as vezes sem nenhuma experiência para a lida, nem aptidão para o trabalho duro. Talvez a Ministra, deva fazer um estágio probatório para nada, pois dentro do PT a frigideira sempre está no fogo para os “burgueses” letrados que falam a língua oficial do país. Petista gosta mesmo de quem invade terras e casas, propriedades alheias para eles. De quem trabalha nas fábricas, que se lambuza com óleo e graxa. De quem diz amém. De quem reza na cartilha que prega até escrever errado para estar certo.

  • wilson

    -

    16/05/2011 às 20:56

    Jotave pare de fazer gracinhas .

  • Ris

    -

    16/05/2011 às 20:21

    Jotavê,
    você cobrou da Fapesp diárias dos dias em que você estava na sua casa?

  • gaúcha indignada

    -

    16/05/2011 às 20:13

    OLHA AÍ, OLHA AÍ O MEU GURI…… Ana pede para sair, antes que o teu nome fique mais sujo que “pau de galinheiro”… OLHA AÍ, OLHA AÍ O MEU GURI……. A família é muito unida….






  • LAST

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