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quinta-feira, 5 de maio de 2011

Afastado, diretor alega que denunciou propina por cirurgias do SUS


Centenas de pessoas estão na fila de espera por uma cirurgia ortopédica.
Ministério Público acredita que diretor deveria ter tomado alguma medida.

Do G1 MT


O ex-diretor do Pronto Socorro de Cuiabá, médico Jair Gimenes Marra, decidiu falar sobre o suposto esquema de cobrança de propina para "furar fila" de cirurgias do Sistema Único de Saúde (SUS). Afastado da função por suspeita de conivência, Marra confirma que sabia do esquema, mas se defende alegando que havia denunciado o caso ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público Estadual.

Após a denúncia, o prefeito de Cuiabá, Francisco Galindo (PTB), afastou dois médicos e os quatro técnicos em ortopedia (gesseiros) denunciados. Apesar de não terem sido denunciados formalmente, o diretor clínico e a gerente de internação do PSM, Mariana Penha Rosa, também deixaram as funções.

Segundo o promotor Arnaldo Justino da Silva, que comandou as investigações, os dois são suspeitos de cometerem prevaricação. “Eles sabiam do esquema e tinham que tomar uma medida concreta”, disse, taxativo. Os afastamentos serão por tempo indeterminado, até que sejam apuradas as informações divulgadas pelo MP.

Marra justifica que não puniu os funcionários porque não havia provas suficientes. ''Se a gente simplesmente afastasse os servidores, a gente não teria uma comprovação do que estava ocorrendo na realidade. Então, nós [da direção] deixamos'', explicou.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, os seis funcionários cobravam de R$ 300 a R$ 1,5 mil para agilizar as cirurgias. Três usuários do SUS, que teriam pago propina, também foram denunciados. Atualmente, existem 114 pessoas na fila de espera por uma cirurgia ortopédica, sendo que por mês são feitos 50 procedimentos.

Mais casos
A cobrança de propina não é recente. O motorista Admilson Luiz da Silva conta que pagou R$ 1,5 mil para o filho fazer uma cirurgia em 2009. ''Eu paguei a propina, sabendo que era ilegal. É imoral, mas pelo sofrimento do meu filho e desespero da família, eu achei melhor pagar a propina pra ele sair daquela agonia'', explica o pai. Após as denúncias, outros pacientes do SUS confirmam a cobrança da propina.

Além disso, as pessoas reclamam da falta de estrutura do Pronto Socorro. ''Tem banheiro entupido. O dos homens está precário. É um lugar muito abafado, cheio de sujeira. Isso é um risco", relata a dona de casa Edileuza Fioravante.

Comissão
A Secretaria Municipal de Saúde criou uma comissão formada por cinco profissionais, que deve fazer um levantamento dos principais problemas e deve ser apresentado em 15 dias.







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