30/10/2005 - 09h52
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da Folha de S. Paulo, em Brasília
Quando José Dirceu acertou a saída da Casa Civil por causa das denúncias do então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), Lula tinha dois nomes para substituí-lo: Dilma e o ministro da Educação à época, Tarso Genro. Dirceu teve peso decisivo ao vetar Tarso e apontar Dilma como a ideal para sucedê-lo.
Lula, que tinha simpatia pelo comportamento assertivo dela nas reuniões reservadas, achou boa opção. O presidente julgou importante manter algum tipo de contraponto a Palocci, ministro mais poderoso. Ciente disso, Dirceu articulou a escolha de Dilma.
Na época, Palocci não gostou. O ministro da Fazenda chegou a travar disputas de bastidores quando ela ainda comandava a pasta de Minas e Energia. Agora, essa disputa se tornou ainda mais forte, pois Dilma passou a ter o cacife da Casa Civil.
Palocci isolado
Com a queda de Dirceu e a saída de Luiz Gushiken da Secretaria de Comunicação de Governo, o "núcleo duro" mudou mais do que já havia mudado na crise Waldomiro Diniz, no início do ano passado. Palocci ficou ainda mais isolado depois de Gushiken deixar o grupo. O ex-ministro costumava fechar com Palocci nas discussões mais duras.
Agora, Palocci conta com o discreto apoio de Márcio Thomaz Bastos (Justiça), que, em meio à crise, tem pouco tempo para tratar de questões econômicas. Pensa mais na difícil administração da PF (Polícia Federal).
O "núcleo duro" atual, chamado oficialmente de grupo de Coordenação de Governo, é formado por Lula, Dilma, Palocci, Ciro, Thomaz Bastos, Jaques Wagner (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral). Assim como Ciro, Wagner e Dulci também se alinham mais com Dilma, apesar de o ministro das Relações Institucionais ter ajudado Palocci em algumas disputas.
Palocci conta ainda com o apoio de Paulo Bernardo (Planejamento), que conduz as articulações do novo plano fiscal de longo prazo.
Até agora, Palocci tem conseguido manter a sua força política, e as avaliações na área econômica são que Dilma, apesar de durona, nem de longe tem o peso político de seu antecessor. Assim, a influência do ministro da Fazenda para conseguir fazer valer suas posições ainda é forte.
A dúvida é se ela permanecerá assim em 2006, período eleitoral e de grandes tentações a gastos para assegurar conquistas nas urnas. Na última quinta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), reuniu-se com Lula e Palocci para apresentar reivindicações que ajudariam a melhorar o clima de guerra política no Congresso. Problema: essas reivindicações significam mais gastos públicos.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u101872.shtml
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