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domingo, 12 de setembro de 2010

#POLITICA : R$ 520,00 por uma vida (trecho)



A história absurda do menino de 14 anos que morreu porque as autoridades se recusaram – mesmo com ordem da Justiça – a fornecer um aparelho simples para ajudá-lo a respirar
Martha Mendonça, com Cristiane Segatto
Confira a seguir um trecho dessa reportagem que pode ser lida na íntegra na edição da revista Época de 11/setembro/2010.

Assinantes têm acesso à íntegra no Saiba mais no final da página.

Àlbum de fámilia
SAUDADE
Maria das Graças e Antônio na sala de casa coma foto de Fabinho. Eles sentem tristeza e revolta com a perda do filho

Eram 16h06 do dia 9 de agosto quando Fábio de Souza do Nascimento morreu de insuficiência respiratória. Ele viveu 14 anos, com os pais e a irmã mais velha, num condomínio popular de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Gostava de pipa e videogame, de desenho animado e futebol. Torcia pelo Flamengo. Adorava churrasco e misto-quente. Sonhava em ser motorista de caminhão.

Um mês depois de sua morte, a pipa rosa que Fabinho gostava de empinar está presa na parede, na entrada da sala do sobrado humilde de seus pais. É o símbolo de uma vida interrompida, de um drama familiar – e também de um crime. Intimadas pela Justiça a fornecer a Fabinho um balão de oxigênio que poderia ter lhe salvado a vida, ao custo de R$ 520 por mês, autoridades dos governos federal, estadual e municipal discutiram, procrastinaram, ignoraram a determinação judicial até que fosse tarde demais.

O caso de Fabinho revela as falhas trágicas do sistema de saúde no Brasil, que pela lei deve garantir tratamento a qualquer cidadão, mas na prática tem de lidar com recursos escassos, que, em muitas ocasiões, levam ao descaso com as ordens judiciais. Submetido a um transplante de medula há quatro anos, ele desenvolveu uma doença pulmonar. Necessitava de um balão de oxigênio em casa. Seus pais conseguiram o equipamento na Justiça. Mas nunca o receberam. A União, o Estado e o município do Rio de Janeiro levaram seis meses empurrando a responsabilidade um para o outro. Aí ficou tarde demais.

Fabinho não teve uma vida fácil. A mãe – Maria das Graças Ferreira de Souza, mineira de Ponte Nova, uma dona de casa de 57 anos – e o pai – Antônio Serafim Nascimento, de 56, paraibano que faz bicos como pedreiro – se alternam ao contar sua história. De vez em quando param de falar para chorar. Outras vezes sorriem juntos com alguma lembrança. Com apenas 1 ano e 7 meses, o filho foi diagnosticado com câncer. Tinha linfomas pelo corpo e teve de passar por vários tratamentos. Até que aos 10 anos passou por um transplante de medula, no Instituto Nacional de Câncer (Inca). A irmã, Fiama, três anos mais velha, foi a doadora. A cirurgia, bem-sucedida, parecia ser o início de uma nova vida para ele.

Não foi.

Perto do Natal de 2006, quando Fabinho parecia ter pela primeira vez uma rotina normal de criança, começou a ter tosse constante e dificuldade de respiração. O diagnóstico: doença do enxerto contra-hospedeiro, uma reação do organismo às células recebidas no transplante. Ela pode atingir vários órgãos. No caso de Fabinho, foi o pulmão. Após alguns períodos de tratamento no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, da UFRJ, os médicos recomendaram que ele tivesse em casa um aparelho concentrador de oxigênio. “Era uma forma de dar dignidade a sua vida e protegê-lo de crises respiratórias mais graves e fatais”, diz a pneumologista Marina Andrade Lima, que o atendeu nos últimos meses de vida e fez o laudo médico para a Justiça. Com o aparelho, as crises de Fabinho poderiam ser controladas, e, na avaliação dos médicos, ele tinha grandes chances de viver muitos anos.

Maria das Graças e Antônio procuraram a Defensoria Pública da União no Rio de Janeiro para entrar com uma ação. A Justiça lhes deu ganho de causa em dois dias: a União, o Estado ou o município do Rio deveriam fornecer o equipamento – imediatamente. Dois meses depois, em abril, a Defensoria telefonou para os pais de Fabinho. O aparelho não chegara. A União se defendia na Justiça dizendo que o Sistema Único de Saúde (SUS) descentraliza esse tipo de demanda, e quem devia pagar o aparelho era o Estado ou o município. O Estado apresentara decisões judiciais anteriores que dirigem ao município a atribuição. O município alegava que, por se tratar de um fornecimento de “alto custo” e “média complexidade”, era de responsabilidade estadual (leia o quadro abaixo) . Um aparelho desse tipo custa R$ 3.800. Ele requer um cilindro de alumínio, que custa R$ 50. É no cilindro que fica a carga de oxigênio, que deve ser renovada todo mês, a um custo de R$ 40. O Poder Público em geral não compra aparelhos, aluga-os. O preço, nesse caso, seria de R$ 520 por mês.





Lula disse que vai sugerir um SUS para Obama enfrentar crise da saúde nos EUA

'Faça um SUS. Custa mais barato, é de qualidade e é universal’, disse.
Presidente participou de congresso de saúde em Pernambuco nesta terça.

Do G1, em Brasília

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Lula entre o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, em Olinda (Foto: Ricardo Stuckert/Presidência)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira (3), em Olinda, que vai sugerir a criação de um Sistema Único de Saúde (SUS) ao presidente Barack Obama, como forma de resolver a crise na saúde dos Estados Unidos. “Na próxima vez que encontrar o Obama, vou falar: ‘Faça um SUS. Custa mais barato, é de qualidade e é universal’”, disse.

O presidente dos Estados Unidos está em uma campanha para modificar o sistema de saúde do país, que não dispõe de um sistem universal de atendimento da população, e enfrenta resistências internas. “Vejam o que ele [Obama] está apanhando. Os conservadores não querem mudar nada”, disse.

  • Aspas

    Na próxima vez que encontrar o Obama, vou falar: ‘Faça um SUS. Custa mais barato, é de qualidade e é universal "

O SUS brasileiro completa 20 anos neste ano. “Hoje ‘tá’ muito fácil a gente defender o SUS. Mas em 1988, quando a gente aprovou o SUS na Constituição Federal, era duro a gente enfrentar o debate, porque estavam começando a viver o momento em que o Estado não prestava para nada, o Estado não servia para nada e o Estado só atrapalhava”, afirmou Lula.

Segundo ele, a sistuação mudou em duas décadas. “Agora, com essa crise econômica, o Estado ganhou importância, porque foram os Estados que salvaram os países mais ricos do mundo por conta da crise econômica.”

“Eu sei o que é esperar sentado com a bunda num banco num hospital três, quatro horas e depois [vir alguém e dizer que] o médico não está, e depois [conhecer] o de atendimento VIP que tem um presidente da República. Eu sei de cátedra”, disse o presidente.


Eu me sinto o próprio Charles Chaplin naquele filme ‘Tempos modernos. Não tem mais contato, a figura daquele companheiro que pergunta: ‘Você tem dor de cabeça? Sua barriga incha? Sua cabeça dói?'

Ele descreveu os exames preventivos pelos quais passa, sendo examinado de máquina em máquina. “Eu me sinto o próprio Charles Chaplin naquele filme ‘Tempos modernos’”, afirmou. Não tem mais contato, a figura daquele companheiro que pergunta: ‘Você tem dor de cabeça? Sua barriga incha? Sua cabeça dói?’”



Lula participou do 9º Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva, evento que é realizado a cada três anos e que neste ano reuniu mais de 6 mil pesquisadores, gestores e trabalhadores da área da saúde. Ele estava acompanhado da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) e do ministro José Gomes Temporão (Saúde).

Fim da CPMF

O ministro José Gomes Temporão criticou a oposição por ter derrubado a prorrogação da CPMF. “Em dezembro de 2007, a oposição em uma atitude vil derrubou a CPMF. Hoje nós estamos sem o dinheiro da CPMF e o pior, a sonegação e o caixa dois estão aí”, disse, em referência ao fato de a contribuição permitir o rastreamento de movimentação em contas bancárias.


Segundo ele, o fim da contribuição levou a Saúde a “perder” R$ 24 bilhões em receitas. “Nós temos que falar isso em alto e bom som”, disse o ministro. Sem eu discurso, Temporão ressaltou as ações do governo na área da saúde, como o programa de DST/Aids.

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