Sérgio Lima/Folha
Ex-braço direito de Dilma Rousseff e atual ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra está de volta ao noticiário.
Chega acompanhada do filho, Israel Guerra. Notícia veiculada na última edição de Veja informa:
1. Israel, o filho de Erenice, atua como lobista. É sócio da Capital Assessoria e Consultoria. Aproxima empresários de órgãos públicos.
2. Sempre que as tratativas se convertem em contratos, a firma de Israel belisca uma “taxa de sucesso”. Coisa de 6%.
3. Israel serve-se do prestígio da mãe. E tem como sócios dois servidores públicos lotados na Casa Civil, sob Erenice.
4. A notícia traz declarações de Fábio Baracat. Empresário, ele foi sócio de uma empresa que transporta cartas para os Correios, a MTA Linhas Aéreas.
5. Ouça-e Baracat: “Fui informado de que, para conseguir os negócios que eu queria, era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”.
6. A MTA deseja ampliar seus negócios com os Correios. E Baracat decidiu achegar-se ao filho de Erenice. Depois de alguns encontros, Israel o levou à presença da mãe.
7. Deu-se, segundo a revista, no ano passado, quando Erenice ainda era a segunda de Dilma Rousseff.
8. "Depois que eles me apresentaram a Erenice, senti que não estavam blefando", rememora Baracat.
9. O empresário decidiu contratar a firma de Israel. Coisa de R$ 25 mil mensais, mais 6% de “taxa de sucesso” caso os negócios com o governo avançassem.
10. No total, houve quatro encontros com Erenice. No último, realizado abril de 2010, ela já era ministra.
11. Nessa conversa, conta Baracat, Erenice mostrou-se incomodada com o atraso de um dos pagamentos à empresa do filho.
12. Baracat reproduz uma frase que diz ter ouvido de Erenice: "Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir".
13. O lobby rendeu dividendos. Dois meses depois da última conversa com Erenice, a firma de Baracat obeteve novos contratos com os Correios. Coisa de R$ 84 milhões.
14. Neste sábado (11), Erenice soltou uma nota. No texto, diz que os esclarecimentos que prestou a Veja foram “levianamente desconhecidos”.
15. Anota como se sente: “Atacada em minha honra pessoal e ultrajada pelas mentiras”.
16. A ministra anuncia que vai à Justiça contra Veja. Exigirá reparação por “danos morais” e “direito de resposta”.
17. Escreve: “Como servidora pública, sinto-me na obrigação [...] de colocar meus sigilos fiscal, bancário e telefônico” à disposição.
18. Pena que a ministra não tenha aproveitado sua nota para expor os esclarecimentos que, segundo diz, a revista ignorou.
19. Além da folha de papel, Erenice tinha à sua disposição gravadores e microfones. Se convocasse uma entrevista, a audiência seria grande.
Dilma não conhece a palavra impossível, diz nova ministra
31 de março de 2010 • 21h06 • atualizado em 15 de abril de 2010 às 09h42
Ao lado da nova ministra da Casa Civil, Erenice Guerra (esq.), Dilma Rousseff acena ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
A nova ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, elogiou nesta quarta-feira sua antecessora, Dilma Rousseff, e disse que para a pré-candidata do PT à Presidência da República não existe nada impossível. Petista como a chefe a quem acompanha desde 2003, Erenice não citou o processo eleitoral, mas disse que Dilma será "vitoriosa" porque não vai em sentido oposto a suas crenças.
"A ministra Dilma não conhece a palavra impossível. Ela sempre fez, ela não sabe que certas coisas são impossíveis, ela faz. Ela me ensinou isso e eu tive a felicidade de desde 2002 conhecê-la e começar a trabalhar com ela. Aprendi muito nesse período, mas aprendi principalmente que não podemos trair nossas próprias crenças, nossos ideais, que temos que permanecer fiéis a eles porque vale a pena. Temos que ser honestos porque vale a pena, trabalhar com seriedade porque vale a pena, porque esse sempre foi o exemplo dela e sei que vale a pena", disse a nova ministra.
Quando secretária-executiva, Erenice Guerra foi apontada como a responsável pela confecção de um suposto dossiê contra o governo Fernando Henrique Cardoso, que reuniria dados considerados confidenciais e privados. No entanto, ela alegou que o material tratava-se apenas de um banco de dados.
"Você (Dilma) será vitoriosa também por causa disso (por não trair crenças), porque você trabalha com seriedade, com honestidade e isso vale a pena. Tenho muito orgulho de estar substituindo a ministra Dilma na Casa Civil", disse.
Sobre a nova gestão, Erenice Guerra disse que "não pretende inventar a roda" e fará tudo para não decepcionar o pré-candidata petista. "A única coisa que posso dizer é que farei tudo o que estiver ao meu alcance para não decepcioná-la, para honrar sua confiança em mim e para continuar esse trabalho que acho que é uma missão, mas é uma missão que nos faz melhores. É um desafio. Eu não vou inventar a roda. Não tenho que inventar a roda. Já tem muita roda aí para tocar e aí vamos tocar essas rodas", afirmou.
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