A ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Alves Guerra, recebeu nesta terça-feira (20) a condecoração da Ordem de Rio Branco, oferecida pelo Ministério das Relações Exteriores (MRE), em Brasília. Erenice, que já havia recebido a medalha de Grande Oficial em 2005, foi promovida ao grau de Grã-Cruz, mais alta condecoração da diplomacia brasileira.
Segundo ela, a homenagem "é um reconhecimento de trabalho e dedicação". Além da ministra da Casa Civil, foram agraciados os ministro Luiz Paulo Barreto (Justiça), Juca Ferreira (Cultura), Orlando Silva (Esporte), Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Izabella Teixeira (Meio Ambiente), Carlos Eduardo Gabas (Previdência Social) e Elói Ferreira (Igualdade Racial).
Criada em 1963 pelo então presidente João Goulart, a Ordem do Rio-Branco é distinguida a personalidades que tenham se destacado em suas atividades pessoais e profissionais e é composta dos seguintes graus: a) Grã-Cruz; b) Grande Oficial; c) Comendador; d) Oficial; e) Cavaleiro. A homenagem é concedida no dia 20 de abril, Dia do Diplomata e data de nascimento do barão do Rio Branco.
BYE BYE LULA
Filho de Erenice Guerra comanda esquema de lobby no Planalto
Reportagem de VEJA revela acordos milionários entre empresários e órgãos do governo. Ministra facilitou esquema, que envolveu o pagamento de propina
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, participam da cerimônia de assinatura do contrato de concessão da Usina Hidrelétrica Belo Monte, em 26 de agosto de 2010 (Sérgio Lima/Folhapress)
A edição de VEJA desta semana traz à tona um caso surpreendente de aparelhamento do estado. Sua figura central é Erenice Guerra, ministra-chefe da Casa Civil, sucessora de Dilma Rousseff no cargo. A reportagem demonstra que, com a anuência e o apoio de Erenice, seu filho, Israel Guerra, transformou-se em lobista em Brasília, intermediando contratos milionários entre empresários e órgãos do governo mediante o pagamento de uma "taxa de sucesso". A empresa de Israel se chama Capital Assessoria e Consultoria. Não bastasse fazer uso da influência da ministra para fazer negócios, a "consultoria" ainda tem como sócios dois servidores públicos lotados na Casa Civil.
“Fui informado de que, para conseguir os negócios que eu queria, era preciso conversar com Israel Guerra e seus sócios”, relata a VEJA Fábio Baracat, empresário do setor de transportes que, no segundo semestre do ano passado, buscava ampliar a participação de suas empresas nos serviços dos Correios. Baracat seguiu o conselho em aproximar-se de Israel, que, depois de alguns encontros preliminares, levou-o para um primeiro encontro com sua mãe. Nessa época, Dilma Rousseff ainda era a titular da Casa Civil e Erenice, seu braço direito. "Depois que eles me apresentaram a Erenice, senti que não estavam blefando", conta Baracat - que teve de deixar para trás caneta, relógio, celular ─ enfim, qualquer aparelho que pudesse embutir um gravador ─ antes da reunião.
O empresário contratou os préstimos da Capital Assessoria e Consultoria, e passou a pagar 25 000 reais mensais, sempre em dinheiro vivo, para que Israel fizesse avançar seus interesses em órgãos do estado. Se os negócios das empresas de Baracat se ampliassem, uma "taxa de sucesso" de 6% seria paga.
Houve mais encontros com Erenice. No último deles, em abril deste ano, quando ela já havia assumido o ministério - o mais poderoso na estrutura governamental, sempre é bom lembrar - registrou-se um diálogo, no mínimo, curioso. Incomodada com o atraso de um dos pagamentos, disse Erenice: "Entenda, Fábio, que nós temos compromissos políticos a cumprir." A frase sugere que parte do dinheiro destinado a Israel Guerra era usada para alimentar o projeto de poder do grupo que hoje ocupa o governo.
O lobby de Israel Guerra, com patrocínio materno, trouxe dividendos para as empresas de Fabio Baracat. Nos dois meses que se seguiram ao último encontro com Erenice, ele obteve contratos no valor de 84 milhões de reais com os Correios. Estima-se, portanto, que a Capital Assessoria e Consultoria tenha embolsado algo em torno de 5 milhões de reais em todo o processo.
O polvo no poder - O esquema no alto escalão do governo também inclui Vinicius Castro, funcionário da Casa Civil, e Stevan Knezevic, servidor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) hoje lotado na Presidência. Eles são parceiros de Israel Guerra. Como a Capital tem sede na casa do proprio Israel, o trio recorre a um escritório de advocacia em Brasília para despachar com os clientes. Ali trabalha gente importante. Um dos advogados é Marcio Silva, coordenador em Brasília da banca que cuida dos assuntos jurídicos da campanha presidencial de Dilma Rousseff. Outro é Antônio Alves Carvalho, irmão de Erenice Guerra.
Em resposta à reportagem, a ministra-chefe da Casa Civil mandou um assessor informar que “o seu sigilo bancário está disponível para verificação”.
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