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DE SÃO PAULO
Reportagem da revista "Veja" publicada neste sábado afirma que o ex-assessor da Casa Civil Vinícius de Oliveira Castro, apadrinhado político da ex-ministra Erenice Guerra e sócio de Israel, filho dela, recebeu R$ 200 mil em dinheiro vivo como propina advinda da compra emergencial de Tamiflu feita pelo governo em junho de 2009.
Segundo a revista, o dinheiro era um agrado para que ele se calasse a respeito da suposta compra superdimensionada do medicamento, que custou aos cofres públicos R$ 34,7 milhões, e teria sido feita para a obtenção de uma comissão pelo negócio. A "Veja" afirma ainda que Vinícius teria se desconcertado ao se deparar com o dinheiro dentro de um envelope em sua sala na Casa Civil, a poucos metros do gabinete de Erenice.
"Caraca! Que dinheiro é esse? Isso aqui é meu mesmo?", teria perguntado a um colega do órgão.
"É a 'PP' do Tamiflu, é a sua cota. Chegou para todo mundo", foi a resposta do colega, segundo a "Veja".
PP é a sigla usada para pagamentos oficiais do governo.
A revista diz que duas pessoas confirmaram a história, em depoimentos gravados. Uma delas, o ex-diretor de Operações dos Correios e tio de Vinícius, Marco Antonio de Oliveira. Outra, um amigo que trabalhava no governo.
A seu tio, Vinícius teria confidenciado o pagamento da propina antes que o assunto viesse à tona na imprensa.
"Foi um dinheiro para o Palácio. Lá tem muito negócio, é uma coisa. Me ofereceram 200 mil por causa do Tamiflu", teria dito a Oliveira. Além disso, de acordo com a "Veja", teria contado que outros três funcionários da Casa Civil também receberam pacotes com igual quantia de dinheiro.
Vinícius Castro pediu demissão da Casa Civil após as acusações.
TELEFONIA
A reportagem da "Veja" afirma ter apurado outro caso de corrupção na Casa Civil, este tendo o marido de Erenice, o engenheiro José Roberto Camargo Campos, como lobista, em negócio avaliado em R$ 100 milhões de reais.
Em 2005, diz a revista, no cargo de diretor comercial de uma pequena empresa de comunicações chamada Unicel, Camargo teria convencido dois donos a disputar o mercado de telefonia móvel.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), por decisão pessoal de seu então presidente, Elifas Gurgel, teria feito uma concessão para a Unicel operar telefonia celular em São Paulo. A decisão foi rejeitada por setores técnicos da agência, que contestaram a capacidade técnica e financeira da empresa de tocar o negócio. O processo teria demorado dois anos para ser julgado.
Erenice e o marido, segundo a "Veja", teriam conversado pessoalmente com Gurgel, conselheiros e técnicos da empresa, defendendo a legalidade técnica da operação.
Um conselheiro da agência disse à revista que Erenice fazia pressão sobre técnicos e conselheiros. O técnico que questionou a legalidade da operação, diz a "Veja", voltou atrás e mudou o parecer. O conselheiro Pedro Jaime Ziller também teria referendado a concessão. Logo depois, dois assessores dele teriam trocado a Anatel por cargos bem remunerados na Unicel.
O Conselho da Anatel teria, ainda, acatado o pedido da Unicel para que se reduzisse de 10% para 1% o valor da entrada da concessão de R$ 93 milhões. A decisão foi contestada pelo Ministério Público e, há duas semanas, considerada ilegal pela Justiça.
A "Veja" afirma que o marido de Erenice trabalha para convencer o governo a considerar que a concessão da Unicel é de utilidade pública para a Plano Nacional de Banda Larga para receber uma indenização. Segundo a revista, técnicos do setor calculam que, se isso desse certo, a empresa ganharia R$ 100 milhões de reais.
Procurado pela revista, Castro não quis se pronunciar.
MOTOCROSS
Outro acusação feita na reportagem é a de que Israel Guerra, filho de Erenice, teria cobrado propina de um corredor de motocross que era patrocinado pela Eletrobrás, estatal sob a influência da mãe. Do patrocínio de R$ 200 mil, o motoqueiro Luís Corsini afirma ter pagado R$ 40 mil a Israel.
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