Em 13 de dezembro de 2002, quando faltavam duas semanas para a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma Rousseff participou de uma reunião com um grupo de especialistas acadêmicos e sindicalistas do setor elétrico que havia colaborado com o PT na campanha eleitoral.
O objetivo do encontro era discutir a participação do grupo no governo Lula e as mudanças que eles queriam fazer no setor elétrico. Dilma coordenava a área de infraestrutura na equipe que organizava a transição para o novo governo e seria escolhida ministra de Minas e Energia uma semana depois.
Boa parte da reunião foi gravada por um dos seus participantes e a Folha obteve uma cópia da gravação. As fitas registram dois momentos da intervenção feita por Dilma durante o encontro.
No primeiro trecho, Dilma fala sobre a situação em que o setor elétrico se encontrava e a viabilidade das reformas que o grupo propunha. No segundo trecho, ela diz que as estatais do setor podiam ser usadas para promover essas mudanças e diz que o grupo deveria se preparar para reagir se não conseguisse fazer o que queria.
Transcrição:
"Esse é o papel nosso. Nós vamos remontar isso. Porque tem um processo de apropriação privada que é monstruoso! É monstruoso! Entende? A inconformidade de algumas coisas que se dá é imensa. E eu acho que nós estamos numa situação que é com a faca e o queijo. Por quê? Nós temos rumo. Nós temos um projeto. Eu acho que nós descobrimos um jeito de..." [A gravação original foi interrompida nesse momento.]
Transcrição:
"As nossas estatais, elas estão inteiras. Têm problemas? Tem problema. A CESP tem problema, a Eletropaulo tem problema, Furnas tem, a Eletronorte, a Eletronorte tem menos problema. A Eletrobrás está integra, você tem máquina, você tem instrumento, você tem..."
O professor da USP Ildo Sauer, um dos membros do grupo, pergunta: "E a Petrobras?"
Dilma continua: "A Petrobras, nem vou falar. Porque a Petrobras que está aí, não dá nem para iniciar. Então, você tem uma estrutura capaz de mudar isso. Nós podemos fazer o que a gente trabalhou. Não sei... Eu acho que a gente... Se a gente perder essa batalha, a gente vai ter que resistir. Como nós não somos aquele foro que decide, o foro é outro, talvez a gente perca. Se a gente perder, nós temos que remontar isso em outro campo. Entendeu? Vamos ter que negociar isso num outro campo".
Folha.com.
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