No Estadão:
O diretor de Operações dos Correios, Eduardo Artur Rodrigues Silva, deverá ser investigado pela Comissão de Ética Pública da Presidência no processo que apura suposto tráfico de influência envolvendo a ex-ministra Erenice Guerra, da Casa Civil.
O coronel Eduardo Rodrigues, que se apresentava oficialmente como representante da empresa aérea Master Top Linhas Aéreas (MTA), foi nomeado para a diretoria de Operações dos Correios. Poucos dias antes de assumir o cargo, a MTA havia vencido uma licitação no valor de R$ 44,9 milhões para entrega de encomendas da estatal.
Com coronel Rodrigues como diretor de Operações dos Correios, desde o dia 2 de agosto, a família dele passou a ser contratada e, ao mesmo tempo, contratante da estatal já que ele deixou uma filha nas operações da empresa aérea.
Interferência. De acordo com as denúncias, a MTA teria conseguido firmar contrato com a ECT, com a interferência de Israel Guerra, filho da ex-ministra Erenice Guerra.
Ontem, em entrevista, após reunião do Planalto em que decidiu aplicar censura ética à ex-ministra Erenice e abrir procedimento de investigação das denuncias de tráfico de influência, o relator do caso na Comissão de Ética, Fábio Coutinho, disse que, se houver abertura do processo e constatada a irregularidade, Eduardo Rodrigues poderá ser processado por infração ao Código de Conduta de Altas Autoridades.
Demissão. Neste caso, como Rodrigues ocupa cargo no governo - diretor dos Correios -, poderá receber como punição uma advertência ou até a recomendação de demissão. “Se no processo de apuração ética surgir alguma falta de outra autoridade jurisdicionada da comissão, e o diretor dos Correios é jurisdicionado por ser diretor de estatal, ele poderá ser investigado”, disse.
O relator da Comissão de Ética avisou que o diretor dos Correios ainda poderá “ser chamado para se pronunciar no processo de apuração ética cuja instalação foi deliberada hoje”. Ou seja, ele poderá ser chamado para dar explicações no processo aberto contra Erenice Guerra, e poderá ter um processo aberto para checar a sua conduta.
O GLOBO :
Ex-empresa de diretor dos Correios ganha licitação; contrato é de R$ 19 milhões com a Infraero
Publicada em 13/09/2010 às 23h43m
Tatiana FarahSÃO PAULO - Antiga empresa do coronel Eduardo Artur Rodrigues Silva, a RCM Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo Ltda ganhou em agosto uma licitação da Infraero no valor R$ 19 milhões. O contrato é para cuidar de manuseio de cargas, por um ano, no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas. Rodrigues Silva, conhecido como coronel Artur, deixou a empresa em 2008, mas, em seu lugar, ficou sua mulher, Eugenia Maria. Em fevereiro, ela também saiu da RCM. Cinco meses depois, a empresa conseguiu o contrato.
" Não temos nada a ver com isso "
- Não temos nada a ver com isso. Fundei a RCM dez, doze anos atrás. Saí porque fui trabalhar na Varig. Ficou a minha mulher. E ela vendeu em setembro, outubro do ano passado. O registro só feito em fevereiro por causa de algum problema de documentos - disse o coronel.
A mulher do diretor dos Correios transferiu 49% das ações, no valor de R$ 23,2 mil, para o antigo sócio, Sergio Antonio de Gomes Júnior. A ação foi informada ao setor de licitações da Infraero.
" Estou no governo há 45 dias. Além disso, como pode ter favorecimento em pregão eletrônico? "
Segundo nota publicada em 31 de agosto pela colunista Sonia Racy, de "O Estado de S. Paulo", a empresa de consultoria Aero Martel foi a responsável pela vitória da RCM. A Martel era dirigida pelo coronel Artur, que deixou o comando para a filha, Tatiana Rego e Silva. Ele deixou a Martel porque foi para a diretoria dos Correios.
O coronel negou que tenha usado de influência para a vitória do antigo sócio:
- Estou no governo há 45 dias. Além disso, como pode ter favorecimento em pregão eletrônico?
Apesar de ganhar licitação de R$ 19 milhões, o patrimônio que a RCM declarou à Junta Comercial de São Paulo é modesto: R$ 47,7 mil. O diretor dos Correios negou que tenha ligação com a Master Top Linhas Aéreas (MTA), empresa constituída há dois anos e vencedora de licitação nos Correios. Mas admitiu que a empresa teve ajuda da Martel em sua criação. A MTA é de propriedade dos ex-sogros de Tatiana.
Nenhum comentário:
Postar um comentário