TATIANA SANTIAGO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Depois de um ano da data em que o vigilante Januário Alves de Santana, 40, foi agredido no supermercado Carrefour em Osasco (Grande SP), foi remarcada a reconstituição do crime para a madrugada desta terça-feira (17). Santana, que é negro, afirma ter sido vítima de racismo.
Polícia reconstitui agressão a vigilante negro no Carrefour
Confundido com ladrão, vigilante agredido em mercado diz ter sido vítima de racismo
A reconstituição deveria ocorrer no dia 17 de julho, mas o perito Nicolau Demirsky, do Instituto de Criminalística, remarcou o procedimento para um horário em que o supermercado estivesse fechado e sem a presença dos funcionários e clientes.
"Repassar a cena com armas, com luta corporal, com a loja aberta e no horário de expediente, poderia resultar em pânico", diz o advogado Dojival Vieira, que defende a vítima. A loja fecha meia-noite e o procedimento está previsto para a 0h30.
Na época, a vítima foi espancada após ter sido confundida com um assaltante, quando tentava entrar em seu carro --um Ford EcoSport--, que estava parado no estacionamento, no dia 7 de agosto. O carro estava registrado no nome da mulher de Santana, que fazia compras no mercado com os dois filhos do casal.
Os cinco seguranças que agrediram Santana e dois policiais que insultaram o vigilante, ao invés de socorrê-lo, estarão presentes na reconstituição. Todos os envolvidos estiveram presentes na data anterior, mas dois ex-funcionários do supermercado se recusaram a participar.
No primeiro encontro, o vigilante apenas repassou o trajeto que fez na ocasião ao lado do perito, desde que ele foi observado no estacionamento, andou em direção à porta da loja, correu de um segurança armado, foi rendido com coronhadas e levado para um corredor, onde foi agredido.
Segundo a vítima, os seguranças não acreditaram que ele pudesse ser proprietário de um carro como o que estava. O caso foi registrado como lesão corporal, mas deveria ter sido apurado como tortura, de acordo com o advogado.
As imagens do circuito de segurança, encaminhadas para perícia na época, tiveram o laudo emitido somente em março deste ano.
"Até agora o inquérito do caso não foi concluído. No início, foi classificado como lesão corporal dolosa, mas eu pedi que fosse incluído como crime de tortura", disse Vieira. Com as agressões, o vigilante quebrou o maxilar e teve que passar por uma cirurgia. Ele não foi socorrido e foi dirigindo até o hospital.
O Carrefour informou que afastou a gerência de sua loja em Osasco (Grande São Paulo) e substituiu a empresa que prestava serviços de segurança para o supermercado após o relato do cliente.
A Polícia Militar abriu um procedimento interno para apurar se policiais que atenderam Santana foram negligentes na hora de prestar socorro ao vigilante após a agressão.
O inquérito está sendo apurado pela delegada do 9º DP de Osasco (Grande SP), Rosângela da Silva.
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