Na Vila Olímpia, zona sul de São Paulo, existe uma igreja católica chinesa, onde a missa é rezada todos os dias em português e em chinês por sacerdotes vindos da China. Nas paredes, estão lado a lado ensinamentos de Jesus Cristo e do filósofo Confúcio escritos em mandarim.
O padre Pedro Siao é um dos responsáveis pela construção da igreja. Ele fugiu da China em 1949, quando Mao Tsé-tung proibiu o culto religioso. Depois de uma passagem pela Itália, chegou a São Paulo em 1957.
O sacerdote conta que recebia os imigrantes chineses no porto de Santos e os ajudava a encontrar moradia, trabalho e escola para os filhos. Emocionados com a ajuda, alguns se convertiam. "Batizei muitos chineses", lembra. O catolicismo não é comum na China, onde predomina o budismo e cresce o protestantismo. Em São Paulo, também há templos budistas e protestantes da comunidade chinesa.
Hoje, aos 86 anos, o padre Pedro não para e, com ajuda da comunidade, inaugurou uma escola para crianças chinesas no Mosteiro de São Bento, centro de São Paulo. O lugar foi escolhido porque está próximo dos bairros da Liberdade, do Brás e da Rua 25 de Março, onde vive a maior parte da comunidade chinesa. Na Vila Olímpia, os padres têm outra escola para 150 crianças.
O sacerdote esbanja saúde, mas anda preocupado com a continuidade do seu trabalho. Recentemente foi à China e "importou" dois padres e duas freiras mais jovens.
Siao é devoto de Nossa Senhora Aparecida, que conheceu quando chegou ao Brasil. Ele conta que só conseguiu construir o templo com a ajuda da padroeira. "Quando acabou o dinheiro, fui a (cidade de) Aparecida e rezei para ela. Logo em seguida recebi outra doação e terminamos a igreja."