Ela acreditava que ele se submeteria ao teste de paternidade
Eliza Samudio, 25, ex-amante do goleiro Bruno, do Flamengo (AE)
Ele se reaproximou e pediu que Eliza retirasse a queixa por agressão. Ela aceitou, mas a ação não dependia mais dela
Em seu último contato com a advogada Anne Faraco, em 4 de junho, Eliza Samudio demonstrava otimismo e estava convencida de que o goleiro Bruno, do Flamengo, aceitaria fazer o teste de DNA para, então, assumir formalmente a paternidade de Bruninho, nascido em fevereiro. Eliza, que nunca teve emprego fixo e pulava de casa em casa, sempre vivendo de favor de amigos, deixou São Paulo em meados de maio deste ano para, a pedido do jogador, negociar os termos de um acordo paralelamente à ação que ainda corre na Justiça. Ela também avisava que estava indo para Minas Gerais. “Sempre desaconselhei essa aproximação com o Bruno. Dizia a ela que, pela Justiça, ela poderia conseguir mais e de forma mais segura”, conta a advogada.
A advogada achou estranha a reaproximação do jogador, que durante a gravidez pouco ajudou - “dava às vezes 100 reais por semana”, lembra - e não concordou em auxiliar nas despesas do parto. Mas, aos poucos, Anne passou a concordar que Bruno vinha se afeiçoando pelo menino. “Ele perguntava, pedia fotos para mostrar à família, passou a ajudar com mais dinheiro, dando até 1 000 reais”, afirma Anne.
Na reaproximação, Bruno fez também um pedido: queria que Eliza retirasse a queixa de agressão contra ele, que deu origem a uma ação em que o jogador é réu por seqüestro e cárcere privado. Numa madrugada de outubro, Bruno teria procurado Eliza e exigido que ela abortasse.
Em depoimento à policia, ela afirmou que chegou a ficar sob a mira de uma arma apontada pelo goleiro. Por causa das ameaças, ela voltou a viver em São Paulo, com uma amiga. Mas como Bruno disse a ela que o processo estava dificultando as negociações dele com um clube europeu, ela se dispôs a retirar a queixa. Só não fez isso porque a lei não permite. “Ela chegou a ir à delegacia no Rio para retirar a queixa, mas lá descobriu que a ação já não dependia mais dela. Cheguei a aconselhar que ela só tentasse voltar atrás na denúncia caso tivesse o acordo assinado”, conta a advogada.
Eliza continuou apostando no entendimento, e Anne enviou ao advogado do jogador, Michel Assef Filho, a minuta do acordo: caso o teste de DNA fosse positivo, Bruno deveria fazer um declaração de escritura pública de paternidade, pagar pensão equivalente a 10% do salário que ganha no Flamengo (cerca de 15 000 reais, nos cálculos da advogada), incluiria a criança em um plano de saúde e arcaria também com moradia para ela e o bebê. O acordo foi rejeitado por Assef, que aceitou apenas o plano de saúde e um valor fixo de 3 500 reais. Pelos relatos de Anne, Eliza tinha pressa de resolver a situação, e dizia: “Para quem não tem nada, o que ele oferecer já ajuda”.
Não ter nada, no caso, não era força de expressão. Depois do nascimento de Bruninho, Eliza já não conseguia mais ficar na casa de amigos como antes, e chegou a ser aconselhada a voltar para a casa do pai, em Foz do Iguaçu. A relação da jovem com o pai não era das melhores. Abandonada pela mãe aos dois meses de idade, Eliza foi criada pelo empresário Luís Carlos Samudio com sua segunda mulher, Sílvia. Saiu de casa assim que atingiu a maioridade, e se relacionava pouco com a família. Seu pai tem três filhos com Silvia, dois adolescentes e uma menina de quatro anos. Eliza não chegou a conhecer a irmã mais nova.