Desativado e abandonado há 17 anos, o conjunto de prédios neoclássicos onde funcionou o antigo hospital Matarazzo, na Bela Vista, foi vendido para a PUC, em sociedade com um grupo de investimentos cuja identidade ainda é mantida em segredo.

O complexo de 27 mil m2 com dez prédios projetados pelo italiano Giulio Micheli fica entre as ruas São Carlos do Pinhal, Itapeva, Pamplona e a alameda Rio Claro. Desde 1996, pertencia à Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil.

Procuradas pela Folha, a Previ e a PUC não informaram o valor da venda e não comentaram a negociação. Mas fontes ligadas à universidade informaram que o contrato já foi assinado e que o espaço vai abrigar cursos e equipamentos culturais.

Uma parcela do espaço, no entanto, deve ser reservada para fins comerciais, podendo receber restaurantes, lojas ou até escritórios. "Esse mistério nos preocupa. Queremos que o prédio ofereça serviços de saúde", diz Célia Marcondes, da Samorcc, associação de moradores de Cerqueira Cesar.

Na segunda-feira, ela e outros representantes de associações de bairro, ex-pacientes e ex-funcionários participam de reunião convocada pela PUC em que o projeto para o espaço será mostrado.

A negociação de venda durou mais de um ano. Três empresas estavam no páreo: a Fundação São Paulo, mantenedora da PUC, um grupo francês de hotelaria e o grupo de investimentos que acabou se associando à PUC e vencendo a operação.

Inaugurado pela colônia italiana em 1904, com o nome de Umberto Primo, o hospital foi ampliado com investimentos da família Matarazzo. Em 1993, já em dificuldades financeiras, foi interditado pela Vigilância Sanitária e, desde então, está fechado.

Hoje, a paisagem é de abandono. Janelas quebradas, pintura desgastada e paredes ruindo são visíveis a quem passar pela rua.


Adriano Vizoni/Folhapress