Promotoras pediram nesta terça prisão preventiva de procuradora.
Criança de 2 anos não pôde ser avaliada porque chorou muito.
Na denúncia que as promotoras Cláudia Condak e Marisa Paiva encaminharam à Justiça nesta terça-feira (4), pedindo a prisão preventiva da procuradora aposentada Vera Lúcia Gomes, acusada de torturar sua filha adotiva de dois anos, constam fotos da menina com ferimentos. Em todas elas há sinais de fortes agressões.
A procuradora nega as acusações. O Tribunal de Justiça decidirá agora se vai ou não aceitar o pedido de prisão preventiva. Na quinta (29), Vera foi indiciada pelos crimes de tortura qualificada e racismo.
Segundo a delegada Monique Vidal, titular da 13ª DP (Copacabana), o laudo complementar pedido ao Instituto Médico Legal (IML) mostra que a criança sofreu multiplicidade de lesões, em dias diferentes, e por meio cruel. A avaliação psicológica da menina, que seria feita nesta terça, foi suspensa. Segundo a Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima, a menina não pôde ser avaliada porque chorou muito e não quis sair de perto das pessoas que conhece.
Ela seria estimulada, por meio de desenhos e brincadeiras, a falar sobre os dias em que esteve no apartamento da procuradora aposentada. Agora, há possibilidade da criança ser ouvida por um psicólogo, no próprio abrigo onde está acolhida.
O Ministério Público ofereceu a denúncia, com pedido de prisão, pelo crime de tortura. Segundo os promotores de Justiça, a procuradora submeteu a criança, que estava sob sua guarda provisória, “a intenso sofrimento físico e mental, agredindo-lhe de forma reiterada, como forma de aplicar-lhe castigo pessoal”. Ainda segundo o MP, a guarda provisória foi deferida em 15 de março deste ano.
Seita satânica
A denúncia que o Ministério Público encaminhou à Justiça inclui o relato de uma voluntária do Conselho Tutelar. Segundo ela, Vera Lúcia pertence a uma religião satânica e que, por isso, acredita que a menina seria oferecida em sacrifício a esta seita.
Os promotores explicam que o pedido de prisão preventiva se justifica “devido à revolta social causada pelos fatos descritos, demandando, assim, que se restaure a ordem pública”. Além disso, segundo o MP, há nos autos referência à guarda irregular de outro menor deixado aos cuidados da denunciada por seus pais biológicos e por eles retomado em razão de maus-tratos e agressões.
“Considerando, portanto, as condições socioeconômicas da denunciada, tudo indica que, em liberdade, poderá reincidir neste comportamento”, informou o MP em nota.
Os promotores ressaltam, ainda, que, devido à condição econômica da procuradora aposentada, ela poderia, em liberdade, “transpor nossas fronteiras de forma escusa”.
O pedido foi encaminhado à 32ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça. Segundo a assessoria de imprensa do tribunal, o juiz responsável pela vara interinamente já está com o pedido de prisão da procuradora aposentada, mas ainda não há decisão.
Procuradora fez denúncias falsas para adotar bebê
De acordo com a polícia, Vera Lúcia Sant’Anna Gomes já teria feito denúncias falsas para tentar tirar o bebê de uma mãe que desistiu de dar a filha recém-nascida para adoção. O fato aconteceu em 2008.
Na ocasião, a procuradora aposentada teria cometido um crime de denunciação caluniosa, que dá entre 2 e 8 anos de prisão. Mas a delegada foi transferida; o inquérito, arquivado, e a procuradora nunca foi investigada.De acordo com a polícia, Vera Lúcia Sant’Anna Gomes já teria feito denúncias falsas para tentar tirar o bebê de uma mãe que desistiu de dar a filha recém-nascida para adoção. O fato aconteceu em 2008.