31/03/08 - 13h56 - Atualizado em 31/03/08 - 16h29
'Ele olhava a criança, escutava o coração', descreve a testemunha.
Corpo da menina foi enterrado nesta manhã no Cemitério Parque dos Pinheiros.
Um morador do prédio na Zona Norte de São Paulo onde uma menina de 5 anos caiu na noite de sábado (29) disse que presenciou o desespero do pai dela logo após a queda. “Ele olhava a criança, escutava o coração. (...) Ele ia da criança, no jardim, até o parapeito do prédio para a rua desesperado”, contou o vizinho.
O acidente foi no fim da noite de sábado. O pai da menina contou aos policiais que a morte da menina ocorreu depois que eles voltaram da casa da sogra. Ele disse que primeiro levou a filha para um quarto, onde ela ficou dormindo. Depois, voltou à garagem do prédio para ajudar a mulher a subir com os outros dois filhos.
Ainda em depoimento, o pai disse que quando subiu de volta ao apartamento achou que havia algo estranho. A luz do quarto -que ele garantiu ter apagado- estava acesa. Alexandre também disse que não viu a filha sobre a cama, e achou que ela havia caído no chão do quarto. Depois percebeu a tela cortada. Olhou do alto e viu a filha caída no jardim do prédio.
A polícia diz que a tela de proteção foi cortada. "Ela não sofreu uma queda acidental. Alguém rompeu a tela protetora da janela e jogou essa criança", afirmou Calil Filho.
Na tarde de domingo (30), o delegado disse que a polícia ainda não tinha como apontar quem jogou a criança do sexto andar do prédio. "Não há indício forte contra ninguém. Não há indício algum de participação deste ou daquele."
O corpo da menina foi enterrado por volta das 9h40 desta segunda-feira (31). Cerca de 200 pessoas acompanharam o enterro, que aconteceu no Cemitério Parque dos Pinheiros, na mesma região.
Durante o enterro, o pai e a mãe da garota ficaram um do lado do outro. Ele e a madrasta da menina prestaram depoimento à polícia até o início da madrugada desta segunda-feira (31). O casal, segundo a polícia, não é considerado suspeito, mas apenas averiguado. Os dois fizeram exames toxicológicos.
De acordo com o delegado Calixto Calil Filho, titular do 9º Distrito Policial, no Carandiru, os resultados dos laudos vão ser peças fundamentais para que se chegue ao responsável pela queda e conseqüente morte. A polícia pretende também fazer a reconstituição do crime. O delegado descartou a hipótese de acidente e acredita que a menina tenha sido assassinada. Havia sangue no quarto onde ela estava e um buraco na tela de proteção da janela.
O corpo da menina foi levado domingo (30) ao Instituto Médico Legal (IML). De acordo com os médicos, a criança apresentava ferimentos, que podem ter ocorrido antes da queda. "Alguém possivelmente deve ter ferido essa criança, lesionado e depois arremessado. É uma das hipóteses", afirma Calil.
No prédio onde o pai da menina mora com a madrasta, o porteiro informou que a família se mudou há uma semana e que, após o caso, a segurança no local foi reforçada.