A sessão de espancamento que deixou um menor morto e outros 20 feridos no Educandário Santo Expedito, em Bangu, em novembro de 2008, e originou a denúncia de tortura do Ministério Público contra 44 agentes do Departamento Geral de Ações Sócios-Educativas (Degase), não foi um fato isolado.
No mesmo dia em que denunciou seu espancamento no Santo Expedito, o menor X., de 17 anos, recebeu um castigo: foi submetido a uma nova sessão de tortura, executada por agentes do Degase, ao voltar de um depoimento, em 30 de novembro de 2009, no Ministério Público. A revelação foi feita, ontem, pelo deputado Marcelo Freixo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio.
— O menor recebeu proteção e foi transferido para uma outra instituição. Ele disse que alguns dos agentes que o torturaram foram os mesmos que teriam participado do espancamento que originou, um ano antes, a morte de outro menor — disse o deputado.
Procurado pelo EXTRA, o Degase informou que o caso foi investigado pela corregedoria do órgão e remetido à Justiça. Ontem, o juiz Alexandre Abrahão, da 1ª Vara Criminal de Bangu, recebeu a denúncia da promotora Valéria Videira contra 44 agentes, entre eles três diretores. Eles são acusados de torturar, em 10 de novembro de 2008, 21 internos do Santo Expedito. O espancamento provocou a morte, por traumatismo cranioencefálico, causado por ação contundente, de Cristiano de Souza, de 17 anos.
O juiz estabeleceu prazo de dez dias para os acusados apresentarem uma defesa prévia. Após o período, Alexandre Abrahão deverá marcar o interrogatório de todos os 44 denunciados.
Nesta terça-feira, a segurança foi reforçada no Santo Expedito: no domingo, um muro lateral do educandário desabou. Não houve vítimas.