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Integrantes da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Pedofilia, do Senado Federal, vão começar a investigar nesta quarta-feira (31) as denúncias contra dois monsenhores e um padre de Arapiraca (a 140 km de Maceió), acusados de abusos sexuais de crianças e adolescentes.
Na tarde desta terça-feira (30), o secretário-executivo da CPI, José Augusto Panisset, chegou a Maceió. O presidente da Comissão, senador Magna Malta (PR-ES), e o procurador de Justiça que acompanha as investigações, André Ubaldino, desembarcam no aeroporto Zumbi dos Palmares à 1h da manhã desta quarta-feira.
Os membros da CPI têm dois encontros marcados na manhã desta quarta-feira. A primeira reunião será às 10h com as delegadas da Polícia Civil, Bárbara Arraes e Maria Angelita Melo, responsáveis pela investigação do caso.
Logo após, os integrantes têm outra reunião marcada, desta vez com promotores do Ministério Público Estadual que fizeram o pedido de investigação.
A agenda ainda pode ser ampliada. “Caso seja necessário, podemos ir amanhã [quarta-feira] mesmo até a Arapiraca, ou marcar uma data para visita. Vai depender dos dados que sejam apresentados pelas autoridades alagoanas”, disse Panisset.
Segundo ele, os padres acusados de pedofilia e as supostas vítimas também podem ser convocados a depor na CPI. “Esse caso é muito importante para a CPI, por isso viemos para cá. Nós só vamos definir o cronograma de atividades após termos as informações das delegadas e dos promotores. Podemos ficar por mais tempo", afirmou.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações do caso correm em segredo de Justiça. A delegada Bárbara Arraes assegurou que boa parte dos envolvidos no escândalo já foi ouvida e que as investigações devem ser concluídas dentro de 60 dias, conforme prazo dado pela Justiça.
As denúncias
O escândalo de pedofilia envolvendo párocos foi denunciado no último dia 11 pelo programa Conexão Repórter, do SBT. Ex-coroinhas relataram casos de abusos sexuais contra crianças e adolescentes.
Um vídeo mostra um dos monsenhores praticando sexo com um jovem de 19 anos. A gravação seria de janeiro de 2009 e teria sido feita por outro ex-coroinha, que também teria sofrido abusos do padre. O jovem contou que desde os 12 anos, quando ingressou na igreja, era assediado sexualmente. Um outro monsenhor e um padre também foram acusados de participação no esquema.
O advogado do acusado, Daniel Fernandes, afirmou que toda relação sexual foi consentida pelo adolescente e negou prática de pedofilia. Segundo ele, os jovens teriam tentado extorquir o monsenhor pedindo R$ 5 milhões para não divulgar o vídeo.
Dois dias depois da veiculação da reportagem, a Igreja Católica anunciou o afastamento das atividades eclesiásticas dos três membros. Em nota oficial, a diocese lamentou as denúncias e se disse chocada com as imagens. “Reprovamos, de forma irrestrita e com o coração despedaçado pela vergonha e pela tristeza, os fatos, mesmo que ainda não provados, veiculado na referida reportagem, que revoltam a são consciência humana e cristã”, diz o texto.
Após reportagem do UOL Notícias, o Vaticano se pronunciou no dia 16, confirmando as denúncias contra integrantes da Igreja Católica. O porta-voz da Santa Sé, Federico Lombardi, informou que processos canônicos foram abertos contra os párocos.