26 de fevereiro de 2010 •
Marcos Antunes Trigueiro, 32 anos, confessou ter estuprado e matado cinco mulheres
Foto: Ney Rubens/Especial para Terra
O homem que é apontado pela Polícia Civil como o maníaco que estuprou e matou cinco mulheres na região metropolitana de Belo Horizonte, Marcos Antunes Trigueiro, 32 anos, confessou os crimes em depoimento à polícia no final da noite da última quinta-feira.
O delegado Edson Moreira, chefe do Departamento de Investigações de Homicídios e Proteção à Pessoa (DIHPP), classifica Trigueiro como um homem "frio, calculista e muito inteligente, mas de louco não tem nada. O laudo feito pelos psiquiatras do Instituto de Criminalística mostra isso," afirmou. "Ele é um criminoso que abordava as vítimas armado e depois de estuprá-las, matava". disse.
O advogado do suspeito, Rodrigo Bizzotto Randazzo, disse que o cliente negou os crimes, mas se for realmente confirmada a autoria dos assassinatos em série, ele vai pedir um exame de sanidade mental para atestar que o cliente possui algum distúrbio.
A mulher de Trigueiro, Rose de Paula Câmara, 22 anos, está presa na Penitenciária Feminina Estêvão Pinto, em Belo Horizonte. O delegado Moreira informou que ela deverá ser liberada brevemente, "mas até que todas as dúvidas sobre a participação ou se ela sabia ou não sejam tiradas, ela vai ficar presa. A prisão temporária vale 30 dias, não temos pressa", disse.
Preso debaixo da cama
O pintor Marcos Antunes Trigueiro foi preso na última quarta-feira e foi submetido a um exame de DNA, que comprovou que seu material genético é o mesmo encontrado no corpo das vítimas. Trigueiro é casado pela terceira vez, pai de cinco filhos e quando foi detido tentou se esconder debaixo da cama.
Na apresentação na Superintendência da Polícia Civil em Belo Horizonte, o suspeito exibia ferimentos. Ele teve o calcanhar do pé esquerdo quebrado e levou um tiro no braço ao cair em um barranco quando tentava fugir de uma blitz policial em dezembro de 2009. Na ocasião, Trigueiro conseguiu escapar.
Com o suspeito a polícia encontrou três celulares das vítimas, sendo que um deles havia sido queimado. Entretanto, mesmo danificado, o aparelho manteve o número de identificação intacto.,/p>
A mulher de Trigueiro foi presa por estar utilizando o celular de uma das vítimas. Em depoimento, ela alegou desconhecer os crimes supostamente cometidos pelo marido.
Segundo o delegado Frederico Abelha, responsável pelo caso, Trigueiro foi reconhecido por uma mecânico que o ajudou a empurrar o carro de uma das vítimas, a estudante de Direito Natália Cristina de Almeida de Paiva, 27 anos, em outubro de 2009.
Outros crimes
Marcos Antunes Trigueiro já foi preso diversas vezes por outros crimes, inclusive latrocínio, que é o roubo seguido de morte. Em 7 de setembro de 2004 ele e dois comparsas foram presos em Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, por matarem o taxista Odilon Eustáquio Ribeiro, 58 anos. A Polícia Civil informou que o inquérito foi concluído e encaminhado para o fórum da cidade, mas o processo não teve andamento e os réus foram soltos em 2008.
Além da morte do taxista, Trigueiro já foi detido por furtos em Contagem e Betim. A polícia ainda investiga se ele teria matado um tio e uma enteada, de 3 anos, em 2002.
Em maio de 2005, depois de ser preso por roubo, ele fugiu de uma penitenciária e foi recapturado seis meses depois.
Serial killer
O exame de material genético (DNA) comprovou ser de Marcos Antunes Trigueiro o sêmen encontrado nos corpos de três vítimas. De acordo com as investigações, a forma que o criminoso matou as três mulheres é parecida: elas foram estranguladas com algum objeto que estava na cena do crime. Para matar a comerciante Ana Carolina Assunção, 27 anos, o suspeito utilizou o cadarço de um calçado.
A empresária Maria Helena Lopes Aguilar, 48 anos, foi morta com o cinto de segurança do carro dela. Já a contadora Edna Cordeiro foi estrangulada com um cabide que ela levava no carro para pendurar um casaco. Todas sofreram violência sexual e tiveram apenas os telefones celulares roubados.
Outras duas mulheres foram alvos de Trigueiro, mas o exame de DNA não pôde ser feito porque os corpos foram encontrados em avançado estado de decomposição e não houve a possibilidade de se coletar material genético nas vítimas.
A comerciante Ádina Feitor Porto, 34 anos, foi encontrada morta em uma mata de Sarzedo, na região metropolitana de Belo Horizonte. O carro dela foi localizado abandonado na mata das Abóboras, em Contagem.
Já a estudante de Direito Natália Cristina de Almeida de Paiva, 27 anos, sumiu em outubro de 2009. O carro que ela dirigia foi encontrado com marcas de batida no Barreiro, próximo ao bairro Industrial e a ossada localizada na mata do bairro Belvedere 2, em Ribeirão das Neves.
Por uma falha de comunicação entre o IML e a Delegacia de Neves, Natália foi enterrada como indigente e só identificada após a exumação dos restos mortais, quatro meses depois da localização da ossada.
As duas famílias, de Ádina e Natália, foram informadas pela polícia de que elas também foram vítimas do suspeito. Todas as vítimas são mulheres maduras, independentes financeiramente e foram abordadas quando voltavam para casa de carro próprio. Elas ainda têm feições parecidas (morenas claras, cabelos negros abaixo do ombro) e carreira profissional definida: três comerciantes, uma contadora e uma estudante de direito.
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