O diretor-gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, alertou nesta sexta-feira que Brasil, Indonésia e outros países emergentes correm um "risco real" de sofrer uma bolha no preço de seus ativos por causa da avalanche de dinheiro externo que entra nestas nações.
"Grandes quantidades de capital entram no Brasil, Indonésia e outros países, que estão em risco real de sofrer com bolhas", advertiu o diretor do FMI em um fórum econômico em Washington.
O Índice Bovespa, que caiu dos 30 mil pontos no final de 2008, durante o pior da crise, hoje passava dos 66 mil pontos, apesar de registrar perdas neste ano, o que significa uma valorização de mais do dobro do dinheiro investido. Altas similares foram registradas na Indonésia e em outros mercados emergentes.
Para frear o influxo de capital externo, o Brasil estabeleceu controles de capital, ao instituir no final do ano passado o aumento da alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 2% aos investimentos estrangeiros em títulos de renda fixa ou variável.
O Fundo Monetário tinha se manifestado contra esse tipo de medidas no passado, mas agora as aceita em determinadas ocasiões.
Strauss-Kahn disse que os controles de capital não são a panaceia dos governos para resolver o problema. No entanto, ele acrescentou: "se no final das contas não houver outro recurso fora usá-los de forma temporária para evitar mais danos à economia, por que não deveriam fazer?".
O ex-ministro da Economia francês disse que a resposta "normal" aos influxos de capital é permitir a valorização da moeda, mas isso pode levar a uma alta excessiva da taxa de câmbio, reconheceram analistas do FMI.
Outra possibilidade é que o banco central acumule reservas de divisas, mas alguns países já têm mais do que o suficiente.
Nessas circunstâncias, os controles de capital são uma medida "legítima" para lidar com o problema, afirmaram analistas do FMI em um estudo sobre o tema publicado em 19 de fevereiro.
No entanto, eles advertiram que sua aplicação generalizada poderia prejudicar o crescimento mundial e redirecionar os fundos externos a países que não são capazes de absorvê-los.
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