José Roberto Arruda (ex-DEM, sem partido) é suspeito de tentar subornar uma testemunha da Polícia Federal nas investigações do "mensalão do DEM" no Distrito Federal. O jornalista Edson dos Santos, conhecido como Sombra, alvo do suborno, afirmou em entrevista ao Jornal da Globo que entregou para a Polícia Federal um bilhete escrito por Arruda que confirmaria o papel do governador na tentativa de suborno.
“Recebi alguns telefonemas do deputado Geraldo Naves (DEM) querendo falar comigo. Certo dia, ele veio aqui, e disse que estava vindo a mando do governador Arruda, que precisava de ajuda para sair da crise em que se encontra. Pedi que houvesse uma prova. Ele me trouxe um bilhete feito pelo governador. É fácil identificar a letra dele", disse Sombra.
A Polícia Federal confirmou que o bilhete está com a perícia. Algumas imagens foram divulgadas pelo Jornal da Globo. O texto tem seis tópicos. No quinto, na frente do nome "Geraldo" está a frase “tá valendo”. Abaixo, "GDF Ok". Naves, que foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Assembleia do DF em janeiro, nega a história de Sombra. Segundo Naves, ele realmente entregou um bilhete do governador Arruda a Edson Sombra, mas apenas para esclarecer ao jornalista que não havia veto do governo a verbas de patrocínio para o jornal dele.
Na quinta-feira, a PF prendeu em flagrante o servidor público aposentado Antônio Bento da Silva, que estaria tentando subornar Sombra. Silva carregava R$ 200 mil em dinheiro, o que seria apenas uma parte do pagamento oferecido para que o jornalista mudasse seu depoimento na operação Caixa de Pandora. “R$ 1 milhão em dinheiro vivo... mais R$ 250 mil de mídia/mês... R$ 200 mil cash por fora para fazer depoimento desmentindo Durval, que os vídeos são montados...basicamente”, disse Sombra ao Jornal da Globo.
Sombra convenceu Durval Barbosa, ex-secretário de Relações Institucionais de Aruda, a tornar público o funcionamento do esquema de corrupção montado no governo, batizado de "mensalão do DEM", e intermediou sua aproximação com o Ministério Público. O jornalista é citado por Barbosa no depoimento ao MP que deu origem à operação da PF. Para receber o dinheiro do suborno Sombra teria que afirmar que os vídeos de deputado e empresários recebendo dinheiro - e guardando as notas até nas meias - foram manipulados.
Se ficar comprovado que a tentativa de suborno partiu de Arruda, o governador poderá até ser alvo de pedido de prisão por obstrução da Justiça.
Bento da Silva, que se aposentou na Companhia Energética de Brasília, pode pegar de três a quatro anos de prisão. Segundo fontes da polícia, Silva teria dito em depoimento que o dinheiro para pagar Edson Sombra lhe foi entregue por Rodrigo Arantes, sobrinho de Arruda que aparece em dos vídeos que deram origem ao escândalo.
O governo do Distrito Federal negou qualquer envolvimento com o servidor. Por meio da assessoria, o governador informou que considerava a denúncia "uma farsa grotesca" e anunciou que mandou demitir Silva do Conselho Fiscal do Metrô, cargo para o qual teria sido indicado por Durval. "É só ligarem os fatos: Sombra é amigo de Durval e chefe de Bento, que agora aparece com essa história fantasiosa", observou.
Além de trabalhar no Conselho Fiscal do Metrô de Brasília, Silva também é gerente comercial do diário O Distrital, que tem como jornalista responsável Edson Sombra.
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