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segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Candidato presidencial relata que Zelaya não faz questão de retornar à Presidência


Thiago Scarelli
Enviado especial do UOL Notícias
Em Tegucigalpa (Honduras)
O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, pessoalmente não faz questão de retornar ao cargo, mas mantém o discurso por pressões de seus "amigos". Essa posição de Zelaya teria sido manifestada por ele próprio, em uma reunião que manteve com os principais candidatos presidenciais de Honduras, há duas semanas, segundo relatou hoje o candidato do Partido Nacional, Porfírio "Pepe" Lobo.

"Nós, os candidatos, fomos ver os dois [Roberto Micheletti e Manuel Zelaya] para pedir a eles que retornassem o diálogo de San José. Os dois manifestaram uma vontade muito aberta de ir ao diálogo, de ser flexível e colocar em primeiro plano o interesse nacional. Micheletti disse que estava disposto a renunciar - e Zelaya disse que a ele não lhe interessava retornar à Presidência apenas por três meses, era complicado, mas que estava pressionado por seus amigos, que a comunidade internacional o pressionava para que ele se mantivesse em sua posição", contou nesta segunda-feira à imprensa o candidato.

Esta disposição de Zelaya foi confirmada ainda pelo candidato Felicito Ávila (Partido Democrata Cristão), que também esteve presente nesse encontro, ocorrido noite de quinta-feira da semana retrasada (24).

O candidato "Pepe" Lobo não deu mais detalhes sobre o tema, mas disse que entendia a declaração de Zelaya como uma prova de desprendimento e boa vontade do presidente deposto para facilitar o diálogo.

Eleições em meio à crise
O candidato presidencial do Partido Nacional também foi enfático ao garantir que as eleições presidenciais de 29 de novembro não estão em risco.

"As eleições vão acontecer. Elas podem ter ou não o reconhecimento de alguns países, isso é uma decisão de cada um, mas as eleições são nossas. Então elas vão acontecer", declarou Pepe Lobo.

"Para nós o mais importante é que o povo hondurenho aceite as eleições como válidas, que sejam transparentes, que tenham participação. E sabemos que haverá dificuldades se alguns depois não reconhecem o resultado, mas no final o reconhecimento com o qual nós mais nos preocupamos é o do povo hondurenho", acrescentou o candidato, que aparece com um dos nomes favoritos para assumir o governo a partir de 27 de janeiro do próximo ano.

Lobo se apresenta como um candidato moderado, que promete mudanças para conquistar a larga faixa pobre da população, mas sem dizer ao certo como elas vão acontecer, para não incomodar a outra faixa. A seu favor está o desgaste do Partido Liberal, ao qual pertencem Manuel Zelaya e Roberto Micheletti. O próprio candidato presidencial liberal, Elvin Santos, foi vice-presidente durante parte do governo Zelaya.

Por isso, parte da estratégia de Pepe Lobo é evitar os temas quentes. Questionado sobre sua posição a respeito da Constituinte, uma demanda que setores populares prometem levar para o próximo governo, Lobo se esquivou. "Isso aqui é um problema, esse tema aqui gera uma guerra enorme. Existem palavras que neste momento são complicadíssimas", afirmou o candidato. "Eu respondo depois do dia 29 de novembro."








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