Quinta, 13 de agosto de 2009, 06h18 Atualizada às 07h42
Não há vagas suficientes nas unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no Brasil para atender a todos os pacientes em estado grave da Influenza A (H1N1) gripe suína. A afirmação é do presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), Jorge Curi.
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Segundo ele, cirurgias de menor importância estão sendo adiadas para deixar parte dos leitos das UTIs disponível para as vítimas da doença. "Nos grandes hospitais públicos, hoje se deixa de fazer cirurgias eletivas para utilizar os leitos de UTI para gripe", disse Curi em entrevista.
Para ele, esse gerenciamento de recursos é necessário para garantir o atendimento à epidemia. "Infelizmente, como em qualquer epidemia que já ocorreu no mundo, isso acontece. Nós não temos leitos de UTI preparados para milhares e milhares de pessoas de uma hora para outra", considerou.
De acordo com Jorge Curi, situações de crise como a epidemia de gripe colocam as deficiências do sistema de saúde em evidência. "Nosso sistema trabalha no limiar muito complicado, muito no limite. Então, quando ele é muito solicitado, obviamente as deficiências se mostram de forma mais marcante", ressaltou.
Outro problema é que existem grande discrepâncias na qualidade da rede de saúde pública entre diferentes cidades e estados. "Dentro do próprio Estado de São Paulo é possível encontrar situações bem diferenciadas em termos de prefeituras e sistemas de saúde", explicou.
Na avaliação do presidente da APM, os locais onde o atendimento é pior acabam comprometendo o serviço como um todo. "Nós temos que ter um olhar para essas regiões mais fragilizadas porque elas acabam, em uma situação de epidemia, favorecendo a fragilização de todo o sistema".
Segundo o Ministério da Saúde, a rede pública conta com1.978 leitos de UTI em 68 hospitais de referência e está preparada para atender a população.
A Secretaria de Saúde de São Paulo não disponibilizou informações a respeito dos leitos disponíveis para tratamento da gripe suína.
O Hospital Albert Einstein, na capital paulista, apesar de ser uma instituição privada, adotou procedimento semelhante ao da rede pública - remarcou as datas de uma série de cirurgias eletivas previstas para a semana passada devido a "um crescimento muito grande" no número de pacientes com gripe.
Segundo o superintendente da instituição, Luís Fernando Aranha, neste ano houve um aumento de cerca de 20% no número de pacientes com sintomas de gripe atendidos na unidade. Por isso, o hospital ampliou não só o espaço físico, mas também o número de funcionários do pronto-socorro.
"Alargar o oferecimento de leitos intensivos" na rede pública é uma medida apontada como necessária por Jorge Curi. Ele destacou que a falta de financiamento "é um problema muito presente na saúde pública brasileira", com repercussão na gestão do sistema.
Curi ressaltou a necessidade de não só aumentar a capacidade de tratamento da rede pública, mas também de investir em áreas como estatística, "para estudarmos pontualmente as coisas que acontecem".
Agência Brasil
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