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terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Manoel de Oliveira leva

Ricardo Trêpa e Catarina Wallenstein estrelam 'Singularidades de uma Rapariga Loira'



Eça de Queirós renovado para Berlim

Orlando Margarido
Direto de Berlim

Cannes e Veneza já estenderam o tapete vermelho para o centenário do português Manoel de Oliveira e agora é a vez do Festival de Berlim. O cineasta mais velho em atividade completou 100 anos em dezembro último e, incansável, apresentou na noite desta segunda-feira seu novo filme, Singularidades de uma Rapariga Loira, em sessão não competitiva da Berlinale.

Oliveira já havia falado ao Terra no Festival de Cannes no ano passado sobre essa adaptação do conto homônimo de Eça de Queirós, mas as coisas mudaram desde então. De uma reconstituição de época que seria, a seu ver, muito trabalhosa, ele preferiu uma atualização e a trama veio para os dias de hoje, mas com aquele traço um tanto anacrônico tão peculiar em seus filmes.

Ao menos parece fora de moda o jeito de cortejar do jovem Macário (Ricardo Trêpa, neto do cineasta e seu ator constante) a bela rapariga loira do título, interpretada por Catarina Wallenstein, em seu primeiro filme com o diretor. É o rapaz que conta seu drama para uma mulher cega desconhecida (Leonor Silveira) no trem. Empregado do tio numa loja de tecidos, ele pede o consentimento a este para se casar, mas tem o pedido negado. Insiste e perde o emprego. Sem dinheiro para sustentar uma família, ele viaja para juntar dinheiro e é vítima de uma trapaça. As surpresas não param por aí.

O diretor já havia adaptado o romântico Camilo Castelo Branco (Amor de Perdição) e agora disse que queria um escritor realista. Eça não foi uma escolha surpreendente, segundo ele, dado o reconhecimento do autor em Portugal. "Mas ele é tão reverenciado que tem até um clube só para sua memória em Lisboa, onde filmo inclusive", explicou na entrevista para os jornalistas.

"Assim como Fernando Pessoa, que também cito, é preciso cuidado ao mexer na literatura desses mestres e levá-la ao cinema; o livro foi intacto para a tela, não toquei em um diálogo".

Oliveira optou por esse conto pelas questões morais e de severidade de costumes envolvidos. "O tio de Macário representa essa tradição e respeito a valores que a sociedade atual perdeu". Uma questão também envolveu a sempre polêmica figura do ditador Salazar, citado em função do intelectual Antonio Ferro, fundador do clube dedicado a Eça. "Ele trabalhou para Salazar e esse foi seu erro; fora isso foi uma figura muito importante no meio cultural português".

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