Em depoimento a ÉPOCA, Carlos Casagrande conta como está sendo seu processo de reabilitação.
"Estou me tratando bem. Tenho 1,91 metro e cheguei aqui com 72 quilos. Estava acabado, usando cocaína e, esporadicamente, heroína. Cheguei do hospital e fui diretamente para o meu quarto na clínica. A ambulância me trouxe. Meus três filhos e minha ex-mulher vieram com um carro atrás. Ainda quando estava no hospital, em coma, abri os olhos e vi o doutor Pablo, diretor da clínica Greenwood. Não sei quem indicou esta clínica.
No início, estava completamente descontrolado, falava muito, não tinha equilíbrio nem crítica de minha situação. Para mim, era uma novidade estar em uma clínica. Na outra vez que estive internado, fiz apenas uma desintoxicação de 40 dias. Como sou dependente químico, a recaída foi inevitável. Dos sete meses aqui, quatro passei relutando em seguir o tratamento. Sabia que não podia mais tomar cocaína, mas queria fumar um baseado, tomar um vinhozinho. Hoje tenho consciência que minha vida não será a mesma.
Agora estou em fase de terapia familiar. Tenho direito de falar com meus três filhos. Estou recuperando meu relacionamento com eles e minha credibilidade pública. Faço um trabalho antes de falar com eles. Três pessoas da comunidade fazem o papel deles antes de eu encontrá-los. Faço ensaios para falar com minha ex-mulher (Mônica). Ela deverá vir aqui na semana que vem. No Natal, meu filho Victor me deu a biografia do Eric Clapton (guitarrista americano que teve problemas com drogas). Esse livro me ajudou muito. Victor é o responsável por mim. No estado em que estava, jamais seria voluntário para ser internado. Minha vida estava completamente desorganizada, e eu estava achando tudo lindo. Eu já deveria ter sido internado há tempos. De abril do ano passado a setembro, já estava muito mal.
Saio do quarto às 7 horas. Às 7h45, faço educação física. Jogo mais vôlei que futebol – na verdade, sou um jogador de vôlei frustrado. Não vejo jogos porque ainda me sinto incomodado. Tenho vontade de estar na transmissão. Estou fazendo um trabalho sobre esse incômodo. No domingo, me sinto mal porque gostaria de estar comentando o jogo. Antes das 16 horas, vou para o meu quarto ler livros. O pessoal fica lá, assistindo aos jogos. Estou lendo agora os livros do Elio Gaspari sobre a ditadura. Tomei medicamentos no início. À noite, peço um remédio para dormir – isso é opcional.
Sou do “grupo 2”. Por enquanto não posso deixar a clínica, só para terapia familiar e dentista. Minhas tarefas são tirar o café-da-manhã, limpar a sala de grupo e pôr o gelo na mesa nas refeições. Na quinta, coloco as roupas para lavar e as penduro. Na sexta, eu as tiro do varal. Só podemos fumar em pé, duas pessoas por vez no fumódromo.
Tenho saudades de almoçar com a família, fumar um cigarro sentado com os amigos, batendo papo. Agradeço aos que me ajudaram: Lobão, Serginho Groisman, Luciano Huck, Rodrigo; Frejat e Peninha, do Barão Vermelho; Nasi, do Ira!; Branco Mello, dos Titãs; Luís Carlini, ex-Tutti Frutti; e Paulo César Caju (ex-jogador). Eles me falavam para eu sair das drogas. Eu respondia que podia dar conta." Sphere: Related Content
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