"Sou contra passar cheques em branco para todos os bancos", rejeita Merkel. Presidente do Eurogrupo considera crise questão norte-americana. Já presidente do Deutsche Bank fala em "algo que se deve ter na gaveta".
O mais tardar neste início de outubro a crise financeira originada nos Estados Unidos atingiu a Europa em cheio. Ao lado do grupo alemão de crédito imobiliário Hypo Real State, o Fortis, o Dexia e o Bradford and Bingley só foram salvos da bancarrota graças a bilhões de euros em verbas públicas.
É diante deste pano de fundo que se desenrola a discussão política sobre uma eventual investida conjunta dos países da União Européia com o fim de fazer frente à crise financeira. Entretanto, ainda não se vislumbra uma linha comum. Até o momento, a supervisão das instituições bancárias européias cabe a cada país-membro.
Produtos bilionários sem controle
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Merkel (e) e o presidente do Bundesbank, Axel WeberA dois dias da planejada minicúpula sobre a crise, em Paris, o governo francês desmentiu notícias sobre um possível fundo europeu e auxílio financeiro. Idéias estão sendo estudadas, porém ainda não existe nenhum plano concreto, declarou nesta quarta-feira (02/10) a ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, ao jornal Le Figaro.
Na véspera, ela falara ao alemão Handelsblatt de uma "solução para absorver impactos", sem, contudo, mencionar cifras. Em seguida, a imprensa francesa afirmava, com base em fontes não reveladas, que o mencionado fundo montaria a 300 bilhões de euros. Para tal, cada país-membro da UE disponibilizaria 3% de seu PIB.
A proposta foi imediatamente rejeitada por Berlim. Falando ao jornal Bild, a chanceler federal alemã, Angela Merkel, criticou a noção de fornecer "cheques em branco para todos os bancos". "Não é possível que qualquer operário tenha que trabalhar de acordo com as normas DIN e que tantos aparelhos passem pelo teste de qualidade TÜV, enquanto no mercado financeiro diversos produtos bilionários circulem sem ser controlados por regras condizentes."
Neste sábado, Merkel se reúne na capital francesa com o chefe de governo francês, Nicolas Sarkozy, o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso, o premiê luxemburguês, Jean-Claude Juncker, e o presidente do Banco Central Europeu, Jean-Claude Trichet.
Juncker contra, Ackermann a favor
Tampouco Jean-Claude Juncker, na qualidade de presidente do Eurogrupo (instituição que coordena as políticas tributárias e econômicas nos países da zona do euro), mostrou-se entusiasmado com a idéia de um pacote europeu de socorro financeiro. Nesta quinta-feira, ele declarou à DeutschlandRadio não ver necessidade para tal medida. A crise vem dos EUA, é muito mais profunda lá, e deve, portanto, resolver-se sobretudo lá, ponderou.
Bildunterschrift: Großansicht des Bildes mit der Bildunterschrift: Ackermann foi inocentado no processo de fraude da MannesmannJuncker saudou o aumento das chances de aprovação do plano de 700 bilhões de dólares nos EUA. "Estou muito aliviado que o pacote tenha vencido o obstáculo do Senado." Da mesma forma que Merkel, Juncker apelou por um controle mais rigoroso e maior transparência no setor financeiro. "Acredito que necessitamos de uma regulação mais sensata e intensiva", comentou.
Em contrapartida, o presidente do Deutsche Bank, Josef Ackermann, defendeu a proposta francesa. Ainda que não haja na Europa necessidade imediata de um pacote de emergência, tais planos devem estar na gaveta, a fim de que se esteja armado para um caso concreto, argumentou o banqueiro suíço, que em 2004 respondeu por processo de fraude na empresa Mannesmann.
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