Publicada em 30/09/2008 às 23h51m
Danielle Abreu, ExtraO GloboDiário de SPRIO, SÃO PAULO E BRASÍLIA - A greve dos bancários continua hoje no Rio e em outras regiões do país, como Brasília e São Luís. Os trabalhadores decidiram, em assembléias, na noite de terça-feira, manter a greve por tempo indeterminado. Eles reivindicam reajuste de 13,23% - inflação acumulada em 12 meses, mais aumento real de 5%. A Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ofereceu 7,5%.
O Sindicato dos Bancários do Rio informou que cerca de 24 mil trabalhadores cruzaram os braços no primeiro dia de greve, o que representa 80% de adesão. No Centro, o índice chegou a 100%. Os sindicalistas fizeram manifestações bem-humoradas na Avenida Rio Branco. Um homem anão representava o salário do trabalhador e um perna-de-pau, o lucro dos banqueiros.
Na terça-feira, bancários em várias partes do país anunciaram paralisações. Aprovaram paralisar as atividades por 24 horas, bancários em São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Pernambuco, Alagoas, Ceará, Paraíba e Piauí. Os trabalhadores de Salvador, Rio de Janeiro e Brasília decidiram por greve por tempo indeterminado.
No Rio, a maioria das agências fechadas eram as do Centro da cidade. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, a adesão à greve da categoria chega a quase 100% na região, onde quase 200 agências estariam paralisadas. O leitor José Carlos Pereira de Carvalho registrou uma delas na Rio Branco. Ainda segundo o Sindicato, a paralisação já atinge 60% das unidades nas zonas Norte e Sul e metade das agências da Zona Oeste. Em São Paulo, 441 locais ficaram fechadosBalanço divulgado pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, no final da tarde, indica que 441 locais de trabalho - entre agências e prédios administrativos - ficaram fechados e aderiram à greve de 24 horas decretada pela categoria. Segundo o sindicato, isso representa cerca de 15 mil bancários, boa parte na zona leste da capital paulista, de braços cruzados. A mobilização teve início no centro da cidade de São Paulo e se expandiu para regiões onde há grande concentração de agências bancárias.
Segundo o sindicato, a maior adesão aconteceu em bancos públicos, principalmente na Caixa Econômica Federal. Os bancos particulares, diz o sindicato, fizeram uso de interditos proibitórios, medida judicial que impede o direito de mobilização dos bancários alegando risco de posse dos prédios. A medida judicial também prevê contingenciamento, em que os bancários entram de madrugada para suprir a falta de pessoal, como foi registrado no Unibanco da Praça do Patriarca.
Segundo diretores do sindicato, os bancos Real, Unibanco e Itaú conseguiram na Justiça um instrumento denominado interdito proibitório, que impede a paralisação nas agências desses instituições, sob pena de multa. O sindicato dos trabalhadores recorreu.
No Vale do Paraíba paulista, os bancos não abriram, nesta terça-feira, em Jacareí, São José dos Campos, São Sebastião, Caraguatatuba, Taubaté e Pindamonhangaba. Nas principais agências, apenas os caixas eletrônicos estão funcionando.
Em Brasília, bancários decretaram greve por tempo indeterminado. De acordo com informações do Sindicato dos Bancários do Distrito Federal, a greve atinge todas as agências bancárias, mas os serviços de auto-atendimento funcionam normalmente.
Conforme informações da Contraf, mais de 90 agências na capital e região metropolitana de Curitiba estão fechadas.
Na quarta-feira, o Comando Nacional dos Bancários tem reunião marcada na parte da tarde na sede da Contraf-CUT para avaliar as mobilizações e qual serão os passos seguintes do movimento.
Segundo a categoria, a auto-atendimento funcionará normalmente em todas as regiões onde houver paralisação para reduzir o possível incômodo aos clientes. Uma carta aberta com informações sobre os motivos que levaram os trabalhadores a protestar será entregue à população.
Clientes irritadosA Fenaban não comentou os números divulgados pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo e também não fez nenhum balanço sobre as paralisações. A entidade manteve a posição de esperar por uma contraproposta dos bancários.
Mesmo parcial, a paralisação dos bancários afetou o dia de muitos paulistanos. O representante de vendas, Adriano Varella, de 33 anos, lamentava mais uma tentativa frustrada de pagar uma conta.
- Estou desperdiçando um tempo precioso do meu trabalho para resolver isso - contou.
O Diário de SP esteve em 15 agências do Centro e verificou que quatro estavam totalmente paralisadas, seis funcionavam normalmente e cinco contavam apenas com auto-atendimento. Aos clientes impedidos de efetuar suas operações, os manifestantes indicavam outras agências mais próximas com funcionamento normalizado.
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